ABINGATE

Limpeza de Lula na Abin pode atingir número 2 do órgão, que trabalhou com Torres no DF

Dois delegados da PF que atuavam na chamada "Abin Paralela" durante o governo Bolsonaro já foram demitidos após operação contra Alexandre Ramagem

Logo da Abin.Créditos: Antonio Cruz/Agência Brasil
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O próximo alvo da limpeza que o governo Lula vem promovendo na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) após a operação Vigilância Aproximada, que investiga um um esquema ilegal de arapongagem montado por Alexandre Ramagem (PL-RJ) durante o governo Jair Bolsonaro, deve ser o número 2 do órgão, o diretor adjunto Alessandro Moretti

Isso porque, na avaliação de interlocutores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a situação de Moretti na cúpula da Abin estaria insustentável em meio às investigações de que uma estrutura criminosa havia sido montada no órgão durante o governo Bolsonaro para espionar opositores e que remanescentes da gestão anterior teriam agido para atrapalhar as investigações. 

Um dos aspectos que devem contribuir para que Moretti seja o próximo exonerado da Abin é que o atual diretor-adjunto do órgão trabalhou na inteligência da PF até o final do governo Bolsonaro e chegou a trabalhar com o ex-ministro da Justiça Anderson Torres na Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal. Torres foi demitido do cargo de secretário de Segurança Pública e chegou a ser preso por omissão diante dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. 

Delegados da PF exonerados 

O Diário Oficial da União (DOU) desta sexta-feira (26) traz a exoneração de dois delegados da Polícia Federal que foram alvo da operação Vigilância Aproximada, que investiga um esquema ilegal de arapongagem montado por Alexandre Ramagem (PL-RJ) na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo Jair Bolsonaro (PL).

Um dos exonerados é Carlos Afonso Gonçalves Coelho, que atuava como Coordenador de Aviação Operacional da Coordenação-Geral de Apoio Operacional da Diretoria-Executiva da PF. Ele foi exonerado pelo secretário-executivo do Ministério da Justiça, Diego Galdino.

Segundo a Polícia Federal, Gonçalves Coelho atuava juntamente com Ramagem no “núcleo de alta gestão” da Abin Paralela e era responsável por dar as ordens de monitoramento ilegal aos subordinados.

O outro exonerado é Marcelo Araujo Bormevet que atuava justamente no núcleo subordinado, segundo a PF, juntamente com Felipe Arlotta Freitas, Carlos Magno de Deus Rodrigues, Henrique César Prado Zordan, Alexandre Ramalho e Luiz Felipe Barros Feliz.

Bormevet estava lotado como assessor na Subchefia de Análise Governamental da Casa Civil desde 26 de dezembro de 2022, ainda no governo Bolsonaro. Ele foi exonerado pelo secretário-executivo da pasta, Jônathas Assunção de Castro.

Furto de equipamentos

Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão na casa, no apartamento funcional e no gabinete de Alexandre Ramagem, a PF recuperou seis celulares e quatro notebooks que o bolsonarista furtou da Agência Brasileira de Inteligência, a Abin.

Ramagem é investigado por estruturar uma organização criminosa dentro da agência, a Abin paralela, que monitorou ilegalmente cerca de 30 mil brasileiros, entre autoridades, políticos e professores. O órgão tinha como objetivo abastecer Jair Bolsonaro (PL) e seu clã sobre andamento de investigações e adversários políticos.

Em entrevista à GloboNews nesta quinta-feira (25), Ramagem admitiu ter surrupiado os aparellhos que pertencem à União. No entanto, segundo ele, os equipamentos eram antigos e foram "trocados por novos".

“O que levaram da minha residência, se houve computador que era da Abin ou telefone, foram trocados por novos. Não tem utilização há mais de três anos, sem uso. Mesmo sem uso não devolve. Poderia devolver, mas não devolvi”, afirmou.

Nesta sexta-feira, o ex-diretor-geral da Abin publicou um vídeo em suas redes sociais onde, em tom de choro, afirma que é vítima de "perseguição política".

"Não se deseja que a bandeira da direita chegue a uma prefeitura. Assim como o mandato de busca no gabinete do deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ). Nós dois, coincidentemente ou não, estamos com a possibilidade de ser candidatos a prefeito", inicia Ramagem.

Em seguida, ele afirma, de maneira confusa, que a perseguição política contra ele é "evidente" e que a operação da PF visa atacar a "verdade nas redes sociais". "A perseguição que se faz é inequívoca e evidente à liberdade de expressão, às redes sociais é uma delas, que não se pode ter a verdade nas redes sociais".