Dentro do turbilhão de críticas que as políticas econômica e estratégica do Governo Lula recebem da mídia hereditária, um artigo publicado como editorial no Estadão chamou a atenção da deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente nacional do PT, que elaborou uma crítica à narrativa do jornal e a publicou em suas redes sociais neste sábado (27).
O curto artigo, assinado pelo próprio jornal, traz o seguinte título: “Não foi essa a agenda que venceu a eleição”, e discorre sobre suposta tentativa de Lula interferir na Vale, uma ex-estatal de capital aberto, com a articulação para colocar o ex-ministro Guido Mantega na presidência da empresa. Lula também criticou a empresa por não indenizar as vítimas de Brumadinho (MG), onde se registrou o maior crime ambiental da história do Brasil.
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O artigo alega que a pressão existiu e desvalorizou ações da Vale, que voltariam a ser valorizadas após a desistência do Governo Lula em indicar Mantega. O artigo então acusa o governo Lula de “impor a agenda petista de desbragada intervenção estatal” ao contrário da “defesa da democracia” prometida em campanha.
“A ofensiva lulopetista sobre a Vale já seria indecorosa mesmo se fosse isolada, mas está longe de ser. Tudo parece fazer parte da visão fantasiosa segundo a qual o Brasil elegeu Lula para dissipar o pouco de progresso que o país fez para regular o apetite estatal”, diz um trecho do artigo, que ainda insinua que a única preocupação do atual governo é com as eleições de 2026 e a ampliação de sua base aliada no Congresso.
A seguir o artigo acusa Lula de “ter dificuldade de entender o contexto que o levou à conquista do terceiro mandato”. Claro, quem sabe é o Estadão. Segundo o jornal, o Governo Federal estariam abandonando seu “tom conciliador” para das lugar a um “revisionismo histórico”. Bem, a resposta de Gleisi Hoffmann, visivelmente revoltada com o que leu, foi à altura.
“Editorial do Estadão de hoje escancara a usurpação da vontade popular que inspira os donos da mídia, porta-vozes da política da desigualdade social e do atraso na economia em nosso país. Ao contrário do que dizem, é impossível apartar a defesa da democracia da agenda econômica, política e social que Lula apresentou na campanha de 2022. São eixos constitutivos de um mesmo projeto de país que Lula, PT e aliados sempre representaram. E que venceu a fome, reduziu a desigualdade e fez do Brasil um país soberano, a sexta economia do mundo”, rebateu Gleisi.
A seguir a petista escancara a procedência do discurso do jornal. Segundo ela, a agenda defendida pelo artigo, que prega o estado mínimo, a privatização e a concentração de renda gera a dependência econômica do país.
“Essa agenda foi derrotada por Lula em 2002 e para que fosse imposta de novo foi preciso o golpe de 2016, para o qual o Estadão e seus iguais foram decisivos em todas as etapas. Inclusive com a posterior prisão ilegal de Lula, que festejaram como se fosse o fim da história”, criticou.
A crítica de Gleisi ainda vai além e relembra um patético editorial do Estadão intitulado “Uma escolha difícil” que à época das eleições de 2018 equiparava Fernando Haddad, o então candidato do PT, a Jair Bolsonaro (à época PSL, atual PL).
“Nunca foi uma ‘escolha difícil’: foi a opção mesquinha de nossas elites retrógradas , até se revelar disfuncional mesmo para elas, com a pandemia, os ataques às instituições e a crise nacional q gerou. A volta de Lula para salvar o país foi sim a mais dura das eleições. Não por causa de nosso programa, mas pelo descarado abuso da máquina pública, aliado à mentira. Bolsonaro estourou orçamentos, quebrou o governo e atacou a democracia no vale-tudo eleitoral. Deixou de herança um país destruído e uma extrema direita em permanente ameaça. Gostem ou não gostem os donos da mídia e seus sócios, Lula representa a vontade popular expressada nas urnas”, finalizou a presidente nacional do PT”, concluiu a petista.