Na expectativa do início do julgamento que pode resultar na cassação do mandato, o advogado Sergio Moro (União-PR), Gustavo Bonini Guedes afirmou em entrevista à Folha que o ex-juiz pode deixar a política, caso o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) acompanhe o parecer do Ministério Público Eleitoral (MPE) e determine o fim da atuação dele no Senado.
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"Eu não acredito, mas, se o Moro for cassado, Moro sai da política, mas a política continua existindo. Outros adversários serão escolhidos para a batalha. Os inimigos se renovam", disse.
Na sequência, Guedes afirmou que "se o TSE cassar o Moro, nestas eleições municipais este precedente vai ser usado para cassar mais gente", já falando de um provável recurso, na última instância da Justiça Eleitoral.
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Previamente marcado para ter início nesta quinta-feira (25), o início do julgamento de Moro deve ser adiado.
Relator do caso, o juiz Luciano Carrasco Falavinha Souza ainda não liberou seu voto e não colocou o caso na pauta de votações.
Há ainda ama indefinição sobre a composição do plenário, formado por sete magistrados, que depende de decisão do presidente Lula.
Na terça-feira (23), terminou o mandato do desembargador Thiago Paiva dos Santos. Os substitutos, José Rodrigo Sade e Roberto Aurichio Junior, também encerram os mandatos no próximo dia 27.
Caso seja postergada para a próxima semana, o julgamento não teria o quórum máximo, necessário para julgar Moro. Caberá a Lula indicar os nomes dos magistrados, mas o presidente ainda aguarda a aprovação da lista tríplice pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que só retoma as atividades em 1º de fevereiro.
Apesar de dizer que quer enfrentar logo o julgamento no tribunal paranaense, o advogado de Moro, no entanto, afirma preferir o adiamento do caso, com os novos nomes já atuando no tribunal.
"Prefiro julgar com juiz escolhido pelo presidente Lula, e sei da seriedade dos nomes que estão na lista tríplice, do que julgar na última sessão de um juiz. O importante é não julgar ao apagar das luzes dos mandatos", disse.
Guedes, que também atuou como advogado no caso da Juíza Selma (Podemos-MT), que teve o mandato de senadora cassado e abriu jurisprudência para a cassação de Moro, vê diferenças nos dois processos.
"Pouca gente conhece mais este caso do que eu —atuei no caso dela— e é uma bobagem quando tentam comparar. O que mais pegou foi um empréstimo que ela fez do suplente. No caso do Moro, é 100% dinheiro dos partidos políticos, que é o que manda a legislação. Não tem dinheiro de pessoa física", diz.
No entanto, ele tergiversa ao ser indagado sobre a contratação do escritório do suplente de Moro, Luis Felipe Cunha, pelo Podemos por R$ 1 milhão para atuar na pré-campanha. Para a acusação, há indícios de lavagem de dinheiro.
Em sua versão, o advogado diz que era ele quem seria contratado, mas que "houve por parte do partido a informação de que não gostariam de me contratar pelo fato de eu ter assinado contra o PSL [hoje União Brasil] uma ação de desfiliação de justa causa da Joice Hasselmann".
"Alguém disse internamente lá. Se alguém usou o nome do Bivar porque não gosta de mim, não sei. Respeito o Bivar, não tenho nada contra ele. Mas entendi a resistência como compreensível", emendou.
Por fim, ele critica a inclusão da despesa, paga com fundo partidário, com advogados na pré-campanha.
"Se a legislação eleitoral define que eu não preciso somar o advogado para [efeito de cálculo sobre] limite de campanha, por que eu vou somar para a pré-campanha? Não tem cabimento nenhum", dispara.