DEU ERRADO

Damares apaga postagem em que sataniza Lula e faz terrorismo com fim da mamata dos pastores

Senadora evangélica não esperava reação de seus seguidores, que vêm manifestando apoio à medida que obriga líderes religioso a pagarem impostos sobre seus ganhos

A senadora Damares Alves.Créditos: Edilson Rodrigues/Agência Senado
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A senadora bolsonarista Damares Alves (Republicanos-DF) apagou uma publicação em que tentava satanizar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e fazer terrorismo com a notícia de que líderes religiosos, a partir de agora, terão que pagar impostos sobre seus ganhos. 

Nesta quarta-feira (18), o Ministério da Fazenda do governo Lula, por meio do Secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, acabou com a isenção eleitoreira decretada por Jair Bolsonaro sobre ganhos de ministros de confissão religiosa, no qual se incluem os pastores evangélicos, como Damares. 

O benefício fiscal se deu no dia 29 de Julho de 2022, às vésperas da eleição presidencial, junto à série de medidas eleitoreiras e desesperadas tomadas por Bolsonaro diante da iminente derrota na disputa contra Lula. O atual governo, portanto, apenas retomou a norma anterior. 

A fundamentalista religiosa, então, foi ao X (antigo Twitter) e fez uma publicação com uma foto de Lula editada com uma cor vermelha, na tentativa de satanizar o presidente da República. No texto que acompanhava a imagem, Damares acusou o governo federal de "perseguição" aos evangélicos e projetou até mesmo um cenário em que líderes religiosos seriam presos. 

“Começou! Nós avisamos que de uma forma ou de outra a perseguição viria. Por enquanto é a isenção, mas temos países aqui em nosso continente liderados pela esquerda onde líderes religiosos estão sendo presos e até mesmo expulsos”, escreveu. 

A repercussão, entretanto, não foi exatamente a que Damares esperava. A grande maioria de seus seguidores comentou na publicação manifestando apoio à medida que faz pastores pagarem impostos. A senadora, então, simplesmente apagou a postagem e não disse mais nada sobre o assunto. 

Confira abaixo a publicação apagada: 

Reprodução/X Damares Alves

Entenda

O Ministério da Fazenda, por meio do Secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, acabou com a isenção eleitoreira decretada por Jair Bolsonaro (PL) sobre ganhos de ministros de confissão religiosa, no qual se incluem os pastores.

O benefício fiscal se deu no dia 29 de Julho de 2022, às vésperas da eleição presidencial, junto à série de medidas eleitoreiras e desesperadas tomadas por Bolsonaro diante da iminente derrota na disputa contra Lula.

A medida, intitulada Ato Declaratório Interpretativo RFB nº 1, previa a isenção de impostos em salários e remunerações pagas pelas igrejas aos pastores.

"Os valores despendidos pelas entidades religiosas e instituições de ensino vocacional com ministros de confissão religiosa, com os membros de instituto de vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa, em face do mister religioso ou para a subsistência, não são considerados como remuneração direta ou indireta", dizia o ato, em uma manobra para isentar a tributação aos pagamentos das lideranças religiosas.

A medida, proposta por Bolsonaro, foi assinada pelo então secretário da Receita Federal Júlio Cesar Vieira Gomes, que atuou na tentativa de liberar as joias recebidas pelo ex-presidente que foram apreendidas pela alfândega no Aeroporto de Guarulhos. A isenção aos pastores virou alvo de investigação do Tribunal de Contas da União (TCU). Vieira Gomes foi exonerado da Receita no ano passado.

"Perseguição"

Em entrevista a Octávio Guedes, da GloboNews, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), um dos principais líderes da bancada evangélica, afirmou que vai usar a medida para pressionar os pastores a fazer campanha contra o governo Lula, usando o já surrado discurso de "perseguição religiosa".

“Terão cada vez mais nosso distanciamento e nós iremos fazer campanha contrária a esses governos. Isso é prato cheio para nós evangélicos. Vou fazer um vídeo agora para espalhar e mostra que o PT persegue o segmento religioso", confessou Cavalcante.

Segundo ele, a medida que acaba com a isenção de impostos sobre os salários dos pastores "é uma prova do que sempre falamos: o governo Lula persegue os segmentos religiosos".