O ex-chefe do Gabinete de Documentação Histórica do Planalto, Marcelo da Silva Vieira, que é oficial da reserva da Marinha, concedeu uma entrevista com exclusividade ao programa Estúdio i, da GloboNews, e deu declaração sobre o escândalo das joias desviadas do patrimônio do Estado que complicam ainda mais a situação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de seu então chefe da Ajudância de Ordens, o tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Barbosa Cid.
Vieira era o responsável por catalogar e classificar tudo que era dado como presente para o ex-chefe de Estado. Ele informou que Cid o consultava o tempo todo sobre os objetos que eram encaminhados para Bolsonaro, mas que sempre perguntava insistindo se aquele determinado item era “personalíssimo”, ou seja, algo de propriedade pessoal do então ocupante do Palácio do Planalto, como se tivesse algum interesse em que os referidos objetos assim fossem classificados.
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“Então, quando eles recebiam um presente, quando ele tinha uma dúvida lá, ele (dizia) “Marcelo”... Então ele me ligava e sempre me perguntava “Marcelo, o presidente pode?”... E eu gosto de deixar isso bem frisado, o seguinte... O Cid, até pela atribuição dele, sempre muito atribulado lá, ele sempre me perguntava assim, ele sempre chegava dizendo que aquilo era personalíssimo... E eu falava “Cid, pelo amor de Deus, isso não é personalíssimo”... A atribuição de item personalíssimo é só aquela quando o presente é oriundo de chefe de Estado, nenhum outro presente vai ser classificado como personalíssimo... E isso durante todo o governo, inclusive depois, toda vez que ele falava comigo ele entendia que tudo era personalíssimo e eu falava “não, não é por aí”, e aí eu dava sempre o quê? A explicação técnica”, relatou Vieira.
A Fórum já havia mostrado com exclusividade que o coronel da reserva do Exército Marcelo Costa Câmara, assessor de Jair Bolsonaro (PL) que atuou na operação de recompra do Rolex extraviado e vendido nos EUA, recebeu nove dias antes da saída dos ex-presidente para o exterior um inventário de "Encerramento e Entrega do Acervo Privado Presidencial" em seu e-mail, via Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência, chefiado então por Marcelo da Silva Vieira, no qual consta o relógio e outros “presentes”. O documento eletrônico foi ignorado e os itens levados para o estrangeiro para serem ilegalmente comercializados.
Veja a entrevista de Vieira à GloboNews: