BOLSOGATE

O que FBI pode descobrir sobre atuação da organização criminosa de Bolsonaro nos EUA

Documentação sobre irregularidades do ex-presidente é “farta, muito detalhada e bem robusta”

EUA também estão atrás dos crimes de BolsonaroCréditos: Alan Santos/PR
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O departamento de Justiça dos EUA já está avaliando o pedido da Polícia Federal para quebrar o sigilo do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outras figuras que podem estar envolvidas na organização criminosa do Palácio do Planalto.

Segundo o jornalista Cesar Tralli, a PF enviou documentação “farta, muito detalhada e bem robusta” ao departamento do estado dos EUA para que o FBI participe conjuntamente da investigação contra Bolsonaro.

A Polícia Federal brasileira pediu quebras de sigilo bancário de várias contas de pessoas físicas e jurídicas, incluindo o Jair Bolsonaro, Mauro Cid, general Mauro César Cid e outros envolvidos no esquema.

Além disso, a PF pede ao FBI a autorização para fazer batidas em joalherias na Florida, Nova York e Pensilvânia. Outras informações pedidas pelos brasileiros envolvem levantamentos de dados sobre imóveis nos EUA e recolhimento de depoimento de testemunhas que possam saber mais sobre os possíveis crimes de Bolsonaro no país.

Lavagem de dinheiro?

Uma investigação em território americano poderia fechar o esquema de lavagem de dinheiro da organização criminosa em terras norte-americanas.

Como se sabe, uma parte das joias recebidas por Bolsonaro foram vendidas nos EUA. O caso mais claro está centrado em Frederick Wasseff, que recomprou um relógio de ouro branco vendido em um estabelecimento na Pensilvânia para resgatá-lo e devolvê-lo ao Tribunal de Compras da União no início deste ano.

Brasil e Estados Unidos já cooperaram em diversas ocasiões para realização de investigações em ambos os países, e, segundo Tralli, a PF está confiante com a parceria com FBI e já tem equipes definidas para realizar as buscas em solo estadunidense.

Segundo a lei de crimes financeiros federais dos EUA, crimes internacionais de lavagem de dinheiro (definidos na seção 1956(a)(2)) podem render um encarceramento de até 20 anos e multa de até US$ 500.000, ou o dobro do valor dos rendimentos envolvidos no esquema.

O que deve ser investigado?

Além do esquema de recompra de joias, a compra de imóveis e outros bens nos EUA podem causar ainda mais problemas para Jair Bolsonaro nos EUA.

Compra e recompra de joias

Para a PF, o local de maior interesse é a loja onde o advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef, recomprou um Rolex que foi vendido pela organização criminosa meses antes.

A PF já tem o recibo emitido na aquisição do Rolex, que custa R$ 300 mil, e nele consta o nome de Wassef como comprador, agora, para fortalecer a investigação, os federais querem descobrir mais sobre a transação.

Além disso, os investigadores querem saber mais sobre a fortuna de Mauro Lorena Cid, pai de Mauro Cid, que tem fortuna milionária nos EUA e também apareceu como um dos possíveis "camelôs" dos presentes de luxo de Bolsonaro. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras identificou movimentações financeiras suspeitas do general em direção aos EUA.

Imóveis

Os investigadores brasileiros também estão analisando a compra de ao menos 20 casas e apartamentos em nome de pessoas ligadas a Bolsonaro em Nova Jersey e na Flórida.

O principal foco da investigação seria o imóvel localizado na 21050 Point PL, unidade 2006, em Aventura, Miami, foi comprado em 13 de setembro de 2021, que está no nome de Wassef e é administrado pela ex-esposa, Cristina Boner.

Ele foi um dos alvos da denúncia da ex-mulher de Valdemar Costa Neto, Maria Christina Caldeira, que disse: "Existe uma investigação sobre imóveis aqui em Miami sonegados. Em 2017, começou uma operação na época da Lava-Jato de pesquisa de quem tinha imóveis aqui e não declarou. Essa pesquisa no Brasil foi enterrada, e aqui seguiu", disse em entrevista à TV Democracia.

"Dentro desta operação, estão 30 e poucos imóveis da família Bolsonaro via dois laranjas. Os laranjas são a família do Wassef, que é a Cristina Bonner e as filhas, e o corretor de imóveis [inaudível]", completou.