SÓ PIORA

Doleiro do caso de Braga Netto é o mesmo do episódio da cocaína em avião da FAB

Márcio Moufarrege, o ‘Macaco’, é acusado de movimentar o dinheiro que compradores da droga usaram, assim como de transferir para militares valores da fraude dos coletes superfaturados

O doleiro Márcio Moufarrege e o general Braga Netto.Créditos: Redes sociais e Agência Brasil
Escrito en POLÍTICA el

Em junho de 2019 o Brasil foi surpreendido com a notícia de que um sargento da Aeronáutica havia sido preso pela polícia da Espanha, no aeroporto de Sevilha, tentando entrar no país europeu com 37 quilos de pasta base de cocaína. Manoel Silva Rodrigues era tripulante de um avião da FAB que faz parte do esquadrão que serve à Presidência da República e fazia uma viagem de preparativos com a aeronave militar por ocasião da ida de Jair Bolsonaro ao Japão, onde o então presidente participaria da reunião de cúpula do G20. As investigações, algum tempo depois, mostraram que um doleiro identificado como Márcio Moufarrege, conhecido como ‘Macaco’, de Brasília, teria sido o responsável por movimentar o dinheiro que os compradores da carga de entorpecente usaram para financiar o esquema de narcotráfico internacional envolvendo o avião da comitiva presidencial.

Agora, após a divulgação de uma operação da Polícia Federal que investiga fraudes e superfaturamento na compra de coletes balísticos pelo Gabinete de Intervenção Federal (GIF) do Rio de Janeiro, que esteve em vigor durante o ano de 2018, chefiado pelo general Walter Braga Netto, candidato a vice na chapa de Bolsonaro em 2022, aparece a informação de que ‘Macaco’ também teria operado seu esquema de remessas ilegais de moeda estrangeira para o grupo de militares liderado pelo ex-ministro da Defesa e da Casa Civil do presidente de extrema direita. O levantamento que permitiu cruzar esses dados foi realizado e publicado pelo portal Metrópoles.

O esquema criminoso no GIF consistia na compra de 9.360 coletes à prova de balas para a Polícia Civil do Rio de Janeiro com valores superfaturados e sem processo de licitação. A PF descobriu que a transação, realizada em parceria com a empresa norte-americana CTU Security LLC, cujo dono é o principal suspeito de ter encomendado o assassinato do presidente do Haiti Jovenel Moïse, ocorrido em julho de 2021, envolveu lobistas e um operador financeiro, no caso Márcio Moufarrege, que teria feito o envio ilegal de dólares entre o Brasil e os EUA a fim de pagar valores aos militares do GIF que comandavam a fraude.