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Lula sobre delação de Mauro Cid: Bolsonaro está envolvido até os dentes na tentativa de golpe

Presidente comentou durante coletiva em Nova Délhi sobre a homologação da delação do ex-ajudante de ordens

Lula durante coletiva em Nova Délhi.Créditos: Canal Gov/Reprodução
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou nesta segunda-feira (11), durante coletiva de imprensa em Nova Délhi, na Índia, logo após participar de um encontro de líderes do G20, o acordo de colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Segundo Lula, Bolsonaro está "altamente comprometido".

"Eu acho que ele tá altamente comprometido. A cada dia vai aparecendo as coisas, e a cada dia nós vamos ter certeza de que havia a perspectiva de golpe e que o ex-presidente estava envolvido nela até os dentes", disse.

O presidente evitou comentar detalhes sobre a delação homologado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes no sábado (9), que não pode dar palpite no que não conhece: "Não sei o que está lá. Só sabe o delegado que ouviu e o coronel que prestou depoimento. O resto é especulação".

Lula disse ainda que Bolsonaro estava preocupado em "vender as joias" e que o ex-presidente é "responsável por parte das coisas ruins que aconteceram" no Brasil.

"É isso que vai ficar claro, o tempo vai se encarregar. A única chance que ele tinha de não participar disso é quando ele estava preocupado em vender as joias", disse.

Vem muito mais por aí

Não é só Lula que está certo do envolvimento de Bolsonaro nos diversos crimes cometidos por seu ex-ajudante de ordens. A Polícia Federal também está convencida que vem muito mais coisa por aí com a delação de Cid. Ele deve entregar, por exemplo, provas sobre o núcleo político que armou a tentativa de golpe, em 8 de janeiro, além dos nomes dos financiadores daquele atentado contra a democracia.

Cid deixou a prisão

O ex-ajudante de ordens da presidência da República, Mauro Cid, deixou a prisão em Brasília, por volta das 14h30 deste sábado (9), após decisões de Alexandre de Moraes, que autorizou sua soltura e homologou um acordo de delação premiada. 

A liberdade concedida por Moraes a Cid vem acompanhada de uma série de medidas cautelares e se deu após o militar manifestar interesse em fazer uma colaboração premiada com a Polícia Federal (PF) no âmbito de investigações que miram, entre outras pessoas, Jair Bolsonaro - e que têm potencial para levar o ex-presidente à prisão. 

Mauro Cid estava preso desde 3 de maio, quando foi alvo de uma operação da PF que investiga um esquema criminoso de falsificação de cartões de vacina.

Em sua delação premiada, o ex-ajudante de ordens deve dar detalhes e fornece provas sobre este outros crimes que são investigados no âmbito do inquérito das milícias digitais, entre eles as articulações por um golpe de Estado que envolveriam Jair Bolsonaro e seu entorno e o escândalo das joias e presentes de luxo ao Estado brasileiro que o o ex-presidente se apropriou ilegalmente e vendeu nos Estados Unidos. 

Ao autorizar a soltura de Mauro Cid, o ministro Alexandre de Moraes determinou que o militar seja afastado imediatamente de suas funções no Exército e impôs medidas restritivas, que são: 

  • Proibição de ausentar-se da comarca e recolhimento domiciliar no período noturno e nos finais de semana mediante uso de tornozeleira eletrônica;
  • Obrigação de apresentar-se perante o juiz, no prazo de 48 horas, e comparecimento semanal, todas as segundas-feiras;
  • Proibição de ausentar-se do país, com obrigação de realizar a entrega de seus passaportes no prazo de cinco dias;
  • Cancelamento de todos os passaportes emitidos, tornando-os sem efeito;
  • Suspensão imediata de quaisquer documentos de porte de arma de fogo em nome do investigado, bem como de quaisquer certificados de registro para realizar atividades de colecionamento de armas de fogo, tiro desportivo e caça;
  • Proibição de utilização de redes sociais;
  • Proibição de comunicar-se com os demais investigados, com exceção de sua esposa, filha e pai.

Delação premiada

Em nota oficial, o gabinete do ministro Alexandre de Moraes confirmou, na tarde deste sábado (9), a homologação da delação premiada que Mauro Cid fará junto à Polícia Federal. 

Confira o comunicado: 

"Em 9/9/2023, nos termos do § 7º, do artigo 4º da Lei nº 12.850/13, presentes a regularidade, legalidade, adequação dos benefícios pactuados e dos resultados da colaboração à exigência legal e a voluntariedade da manifestação de vontade, o Ministro do Supremo Tribunal Federal, ALEXANDRE DE MORAES, homologou o ACORDO DE COLABORACAO PREMIADA N° 3490843/2023 2023.0070312- CGCINT/DIP/PF, referente às investigações do INQ 4.874/DF e demais Petições conexas, realizado entre a POLÍCIA FEDERAL e MAURO CÉSAR BARBOSA CID, devidamente acompanhado por seu advogados, a fim de que produzam seus efeitos jurídicos e legais"

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