O Brasil foi surpreendido esta manhã (24) com a notícia de que Jair Bolsonaro (PL) pedirá de volta as joias que entregou para o Estado após o escândalo do desvio de bens valiosíssimos da Presidência da República, sendo que, entre esses objetos, muitos foram vendidos nos EUA por seus ex-assessores e correligionários. Após o mundo desabar na cabeça do ex-presidente, com fotos e mensagens mostrando que os itens de luxo eram levados para o exterior no avião presidencial e negociados em dinheiro vivo em joalherias e leiloeiros, o que fez com que até um Rolex fosse recomprado para estancar as denúncias, Bolsonaro finalmente devolveu à União boa parte das joias. Mas agora, "pensou melhor" e quer tê-las novamente.
A coluna da jornalista Bela Megale, do diário carioca O Globo, informa que seus advogados optaram pela estratégia arriscada e “cara de pau” por uma razão muito simples: ela seria a única possível, já que qualquer outra tese seria admitir que o então presidente cometeu crimes.
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“A gente talvez, nesse momento, esteja sendo mais demandado por esse tópico da defesa, mas não houve mudança (de estratégia). Talvez colocamos uma coisa a mais. O bem está depositado lá foi por iniciativa nossa. A minha linha vai ser dizer ao TCU que esse bem era do acervo privado de interesse público. Se o tribunal entender que não, vamos judicializar”, disse o advogado Paulo Bueno a Megale.
No entanto, quando Bueno foi questionado pela jornalista sobre os motivos que teriam levado Frederick Wassef a ir até os EUA para recomprar um Rolex cravejado de diamantes avaliado em mais de R$ 300 mil, para cumprir determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), o defensor escorregou na explicação.
“Não estou entrando nesta questão desses últimos fatos porque não são significativos para mim se vendeu ou não, se recomprou ou não. Nem tive acesso aos autos para responder e decantar isso. Vou responder em tese. Uma coisa é fato: não houve nenhum pedido de preferência por parte de Bolsonaro para a União para vender qualquer coisa. Se tentaram vender ou recomprar é outra história”, disse.
Bueno insistiu que tudo não passou de mera irregularidade administrativa e que Jair Bolsonaro não cometeu crime ao tomar para si esses itens valiosos para depois vendê-los.
“Isso é uma irregularidade administrativa. Não se transforma um bem privado em público porque se esqueceu de dar direito de preferência à União. O máximo que pode acontecer é anular o negócio ou ter que indenizar a União. Ao se falar em direito de preferência, isso ratifica que o bem é dele”, completou o advogado.