Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes detonou o que classifica como "leniência" das Forças Armadas com Jair Bolsonaro (PL) durante toda a incitação golpista nas eleições de 2022, que resultaram nos atos do dia 8 de Janeiro, quando apoiadores radicais do ex-presidente destruíram a sede dos três poderes em Brasília.
"Não acredito que as Forças Armadas tenham se engajado num projeto de golpe. Mas é notório que foram muito lenientes com Bolsonaro. Se não quisermos ver outros exemplos, baste ver esse assentamento de pessoas na frente dos quartéis. Imaginemos que o MST quisesse fazer um assentamento diante de um quartel", afirmou Mendes em entrevista a Jamil Chade, no portal Uol.
Te podría interesar
O ministro ainda citou a suposta ajuda dada pelo hacker Walter Delgatti Neto ao Ministério da Defesa no relatório que apontou vulnerabilidades no sistema de votação.
"A Justiça Eleitoral se mostrou forte para enfrentar o falseamento dos votos. E todos viram que não havia possibilidade de fraude. Do outro lado, a contestação resultou canhestra. Imagina Walter Delgatti [o hacker da Vaza Jato] assessorando o Ministério da Defesa. É algo realmente chocante. Como descemos na escala das degradações. Mas as instituições cumpriram seu papel. Tem esse ativo que precisamos reconhecer", afirmou.
Mendes ainda criticou o aparelhamento do governo por militares e fez um comparativo à la Bolsonaro sobre uma um futuro governo do ex-presidente, que está inelegível até 2030.
"No Ministério da Justiça, estruturas inteiras estavam militarizadas, o que leva a adivinhar que, num futuro governo Bolsonaro, poderíamos ter uma reprodução dessas repúblicas à la Venezuela", disse.