DEPOIMENTO

EXCLUSIVO: Fachin concede direito a Delgatti para ficar em silêncio na CPMI dos Atos Golpistas

"Hacker de Araraquara" prestará depoimento à CPMI dos Atos Golpistas. Advogados alegam não saber se convocação "se dá na qualidade de testemunha ou de investigado".

Walter Delgatti e Carla Zambelli.Créditos: Reprodução/Twitter
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Em decisão proferida nesta quarta-feira (16), o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu o pedido dos advogados Ariovaldo Moreira e Matheus Henrique Moreira e concedeu o direito a Walter Delgatti Neto, o 'hacker de Araraquara', ficar em silêncio durante depoimento à CPMI dos Atos Golpistas, que acontece nesta quinta-feira (17) no Senado.

O ministro ainda ressalta o direito de Delgatti "não sofrer constrangimentos físicos ou morais" e afirma que "os documentos não esclarecem se a convocação do paciente se dá na qualidade de testemunha ou de investigado".

Antes de encarar a CPMI nesta quinta, Delgatti prestou depoimento na sede da Polícia Federal em Brasília nesta quarta-feira (16) em que esclarece o episódio ocorrido nas últimas eleições quando foi contratado por Carla Zambelli (PL-SP) para realizar ataques a urnas eletrônicas e invadir sistemas de computação do Judiciário.

Entre as informações confessadas por Delgatti estaria o montante de R$ 40 mil pagos por Zambelli pelo serviço ilegal contratado. Como já foi revelado por inúmeras reportagens na imprensa parte desse valor foi transferido via Pix e outra parte entregue em espécie.

“Ele faz provas de que recebeu valores de Carla Zambelli. Segundo o Walter, o valor chega próximo a R$ 40 mil. Próximo de R$ 14 mil foi em depósito bancário e o restante em espécie. [O objetivo do pagamento era que Delgatti pudesse] invadir qualquer sistema do Judiciário”, afirmou o advogado do hacker de Araraquara em entrevista coletiva.

Além do valor pago, o advogado de Delgatti adiantou que no depoimento dessa quarta seu cliente deu mais dois nomes envolvidos no escândalo e apresentou provas das respectivas participações. No entanto, os nomes não foram revelados para não atrapalhar as investigações.

Por fim, o advogado adiantou que não há qualquer acordo de delação premiada em curso entre Delgatti e a PF, mas foi enfático ao afirmar à imprensa que “não pode responder” o mesmo a respeito de outros órgãos, como a Procuradoria-Geral da República (PGR).

Delgatti foi preso em junho por violar determinações judiciais e, para ser solto, topou fazer uma delação contra Zambelli. Na ocasião contou que se encontrou com a deputada em setembro de 2022, em um posto de gasolina, onde lhe foi pedido que invadisse urnas eletrônicas e sistemas de computação.

Também contou que tentou invadir uma urna mas não obteve sucesso e que, ao relatar para Zambelli, a bolsonarista teria pedido em contrapartida uma invasão ao celular do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

Delgatti negou a tarefa, afirmou que já havia invadido o celular do magistrado anos antes sem nada encontrar. Mas acessou o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), onde inseriu um grotesco mandado de prisão contra o “Xandão” a pedido de Zambelli.