O escândalo em torno da venda ilegal de joias, relógios, esculturas e outros objetos de luxo recebidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) só aumenta. O desdobramento das investigações indica uma organização envolvendo militares das três Forças Armadas, entre a alta patente, sargentos e oficiais-generais.
Quem são os militares envolvidos e a relação que tinham com Bolsonaro:
Tenente-coronel do Exército Mauro Cid
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Peça central nas investigações que envolvem crimes do ex-presidente Bolsonaro. Além do esquema de venda ilegal de joias, Cid está envolvido com os ataques golpistas de 8 de janeiro e está preso sob suspeita de ter adulterado os registros de vacinação do ex-presidente e de familiares. Foi chefe da ajudância de ordens da Presidência durante o governo Bolsonaro e é investigado em oito ações no Supremo Tribunal Federal. Na CPMI dos Atos Golpistas, onde compareceu fardado, ficou em silêncio. A insistência do ex-comandante do Exército Júlio César de Arruda em manter a nomeação de Cid para comandar o 1º Batalhão de Ações de Comandos, em Goiânia, uma tropa de elite do Exército, apesar de ele já estar associado a escândalos é apontada como a gota d'água para a demissão do ex-chefe da força terrestre.
General de Exército Mauro César Lourena Cid
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Pai do tenente-coronel Mauro Cid, ajudou o filho na negociação de venda de presentes, segundo a PF. Também foi amigo de Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman). No governo do ex-presidente, foi nomeado chefe do escritório brasileiro da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), em Miami, nos EUA. É investigado por tentar vender as jóias recebidas pelo ex-presidente em viagens oficiais durante viagem aos EUA.
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Almirante de Esquadra da Marinha Bento Albuquerque
Ministro das Minas e Energia de Bolsonaro do início do governo, em 2019, a maio de 2022, é alvo de inquérito por suspeita de omitir informações à Receita Federal sobre o transporte e a entrada no Brasil de joias apresentadas ao então presidente Bolsonaro.
Contra-almirante da Marinha José Roberto Bueno Junior
Foi chefe de gabinete de Bento Albuquerque no Ministério das Minas e Energia e atuou para tentar reverter a apreensão de joias na Receita Federal do aeroporto de Guarulhos.
Coronel da reserva do Exército Marcelo Costa Câmara
Assessor especial do gabinete pessoal de Bolsonaro na Presidência, era o principal ponto de contato do tenente-coronel Cid nas operações para recuperar as joias colocadas à venda depois que o caso veio à tona. Segundo seu depoimento à PF, Bolsonaro o designou para cuidar do acervo presidencial depois que foi apontado, em uma reportagem da revista "Veja", como chefe de um serviço paralelo de inteligência no Planalto.
Primeiro Tenente da Marinha Jairo Moreira da Silva
Também participou da operação para tentar liberar joias apreendidas pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos.
Tenente da Marinha Marcos André Soeiro
O ex-assessor do ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, transportou as joias apreendidas pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos.
Segundo tenente da ativa do Exército Osmar Crivelatti
Um dos alvos da operação da PF na sexta-feira (11) foi designado pelo tenente-coronel Cid para receber o relógio da marca Chopard que havia ido a leilão, sem sucesso, em Nova York. Foi um dos oito nomeados por Bolsonaro para trabalhar com ele depois que deixou a Presidência, com quartos guardados pelos cofres públicos. Nessa condição, integrou a equipe que acompanhou com Bolsonaro para os EUA às vésperas da transição de governo.
Segundo tenente do Exército Cleiton Henrique Holzschuk
Ex-integrante da ajudância de ordens da Presidência participou da operação para tentar liberar joias apreendidas na Receita Federal do aeroporto de Guarulho. Também esteve presente na ação para manter sob a posse pessoal de Bolsonaro possíveis pedras preciosas que foram entregues ao ex-presidente no fim de outubro do ano passado em Teófilo Otoni (MG).
Relembre o caso
Em março deste ano, a Justiça iniciou uma investigação sobre movimentações suspeitas de Bolsonaro com um conjunto de pedras preciosas avaliado em R$ 16,5 milhões e doado como presente ao Estado brasileiro pela Arábia Saudita. A movimentação das joias começou em 2021, mas os indícios fortes de corrupção e prevaricação começaram a se tornar públicos com as últimas apurações de crimes de Bolsonaro.
Veja os primeiros passos da investigação.
*Com informações da Folha de S.Paulo