Na última sexta-feira (10), o ator Mark Ruffalo, que ganhou fama mundial ao interpretar no cinema o personagem dos quadrinhos Hulk, foi às redes sociais para criticar a Declaração de Belém, documento elaborado após a conclusão da Cúpula da Amazônia.
Segundo Ruffalo, Lula pode se tornar um "Mandela" (em referência ao líder político Nelson Mandela) caso ouse ainda mais nas políticas de proteção à Floresta Amazônica.
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"Você é um dos meus heróis, Lula. No entanto, me entristece constatar que a Declaração de Belém carece de metas concretas para resguardar nossa floresta tropical. A crise na Amazônia é uma urgência climática e não podemos permitir atrasos", declarou Mark Ruffalo.
"Felizmente, sob sua liderança, esta cúpula FINALMENTE estabeleceu proteções fundamentais para os Povos Indígenas. Agradecemos por dar ouvidos às vozes daqueles que estão na vanguarda da crise climática. Entretanto, isso, por si só, não deterá a destruição da Amazônia", ressaltou.
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Para Ruffalo, se o presidente Lula "ousar" e adotar políticas mais robustas de proteção à Amazônia, poderá se tornar o próximo Nelson Mandela.
Lula rebate crítica de Ruffalo
Na noite deste domingo (13), o presidente Lula respondeu, de maneira muito cortês, às críticas feitas por Mark Ruffalo. O presidente concorda com o ator sobre a dimensão da Amazônia, mas explicou ao ator como se faz política e o que significou a sua vitória na eleição de 2022, quando derrotou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
"Proteger a floresta é realmente um desafio imenso. A Cúpula da Amazônia reuniu países da região de forma inédita para isso. Foi um passo a mais em uma trajetória para transformar a região com um modelo que combina desenvolvimento sustentável e preservação ambiental", iniciou Lula.
Em seguida, o presidente lembrou ao ator que sua vitória em 2022 "foi fundamental para acabar com a anarquia e promoção de crimes ambientais na região pelo governo anterior. O povo brasileiro se manifestou de forma soberana pelo fim da destruição da Amazônia".
Lula também explicou ao ator o que de fato aconteceu na Cúpula da Amazônia. "Ao reunir os países da região Amazônica e iniciarmos uma aliança com os dois Congos e a Indonésia, um grupo que junto detém quase 80% das florestas tropicais do mundo, estamos dando mais um passo rumo a uma agenda comum de preservação de ecossistemas fundamentais para o clima e a biodiversidade do planeta", disse.
Além disso, o mandatário brasileiro convocou o astro de Hollywood a usar sua influência em fóruns internacionais para pressionar os países ricos a cumprirem suas respectivas promessas em torno das políticas climáticas.
"Espero que estejamos juntos em todos os fóruns internacionais para que as promessas dos países ricos em enfrentar as mudanças climáticas, como os 100 bilhões de dólares anuais prometidos em 2009, sejam mais do que promessas e se tornem realidade", afirmou Lula.
De maneira direta, Lula rebate a crítica de Ruffalo à Declaração de Belém, que, na opinião do ator, é "genérica". "Na Declaração de Belém, estabelecemos uma série de compromissos, como um plano de segurança que vai criar bases fluviais e terrestres. Segurança para proteger o nosso bioma. É o ponto de partida para a construção de um consenso em torno da proteção da Amazônia. E os países da América do Sul estão conscientes dessa importância", disse.
Para além dos slogans, Lula explicou ao ator que é preciso pensar em uma maneira de permitir que as pessoas que vivem nas florestas possam desenvolver de maneira substancial suas vidas.
"São mais de 50 milhões de pessoas que vivem na Amazônia, mais de 100 milhões nas florestas africanas e centenas de milhões nas florestas do Sudeste Asiático. Precisamos cuidar das pessoas que vivem nessa região para que elas tenham um modelo de desenvolvimento sustentável, com saneamento, tratamento correto de resíduos, energia renovável e oportunidades de trabalhar e estudar, para que elas sejam parceiras da preservação".
Por fim, Lula convidou Mark Ruffalo a visitar o Brasil e conhecer a Amazônia. "Um grande abraço e te convido a vir ao Brasil em breve e visitar a Amazônia", concluiu.