DEU RUIM

Wajngarten tenta se livrar do escândalo das joias e joga Bolsonaro e militares aos leões

Advogado e assessor do ex-presidente, Wajngarten não negou esquema de vendas de joias investigado pela PF e se limitou a dizer que "desconhecia" tais ações

Fabio Wajngarten e Jair Bolsonaro.Créditos: Reprodução/Instagram
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O advogado e assessor de Jair Bolsonaro, Fabio Wajngarten, divulgou uma nota, nesta sexta-feira (11), para se defender diante da citação de seu nome na investigação da Polícia Federal (PF) que culminou na operação contra militares próximos a Jair Bolsonaro que encamparam um esquema de subtração e venda de joias e artigos de luxo recebidos em viagens oficias e que deveriam ser incorporados ao patrimônio do Estado brasileiro. 

De forma surpreendente, no entanto, Wajngarten não negou o esquema criminoso e sequer defendeu seu chefe, Jair Bolsonaro, ou os militares citados. O assessor apenas tentou se livrar do caso, afirmando que "desconhecia" tais ações. 

No relatório da PF sobre as investigações, é exposta uma conversa entre Wajngarten e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro e que está preso, em que o assessor sugere "se antecipar" à decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) que ordenou a devolução de um conjunto de joias entregues à comitiva brasileira em viagem oficial do ex-presidente à Arábia Saudita.

No conjunto em questão estava um relógio Rolex que chegou a ser vendido nos Estados Unidos, e depois comprado novamente por outro advogado de Bolsonaro, Frederick Wassef, para que o item fosse entregue ao TCU após a ordem do órgão. 

"Para que não paire dúvidas ou se façam interpretações equivocadas, esclareço que no diálogo que mantive com o ex-ajudante de ordens Mauro Cid - reportado pela Polícia Federal e divulgado pela imprensa - me refiro à entrega voluntária das joias ao Tribunal de Contas da União. Quando disse que se devia 'antecipar' a entrega dos objetos estou me referindo a uma remessa antecipada à Corte, antes de um pedido formal do TCU, que aliás acabou ocorrendo. Reitero: sugeri antecipar e entregar ao tribunal. Só isso. A petição apresentada pela defesa do Pr, retrata exatamente isso, na data de 13/3, dois dias antes do referido diálogo", escreveu o assessor. 

Na sequência, Wajngarten mostra querer se desassociar do escândalo, sem fazer qualquer contraponto às denúncias expostas pela PF que atingem em cheio Bolsonaro e militares próximos. 

"Qualquer outra interpretação está eivada de má vontade ou de uma frustrada tentativa de envolver meu nome em ações que desconhecia", disparou. 

Confira

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De golpe a venda de joias: entenda a investigação da PF

A operação deflagrada pela Polícia Federal (PF) nesta sexta-feira (11), no âmbito de uma investigação que apura apropriação e venda indevida de joias e artigos de luxo recebidos em viagens oficiais e que deveriam ser incorporadas ao patrimônio do Estado brasileiro, atinge diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro. 

Os alvos principais alvos da operação batizada de "Lucas 12:2" são o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e que está preso desde maio por liderar um esquema de falsificação de cartões de vacinação; o general Mauro Cesar Lorena Cid, pai do tenente e amigo de longa data do ex-presidente; o tenente Osmar Crivelatti, que também trabalhava na ajudância de ordens da presidência da República; e Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro. 

Todos eles, segundo a PF, que deflagrou a operação após autorização do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (PF), integrariam uma "organização criminosa" que se apropriou ilegalmente de bens dados como presente ao Estado brasileiro para vender nos Estados Unidos.

As investigações mostram o envolvimento direto de Jair Bolsonaro, já que parte desses artigos de luxo foi levado para venda nos EUA no mesmo voo que o ex-presidente tomou para ir ao país da América do Norte em dezembro de 2022. Além disso, há registros de mensagens de Mauro Cid orientando seu pai a entregar o dinheiro de uma dessas vendas em espécie diretamente ao ex-mandatário. 

“O conteúdo do áudio revelou, inicialmente, que o General MAURO LOURENA CID estaria com 25 mil dólares, possivelmente pertencentes a JAIR BOLSONARO. Na mensagem, MAURO CID deixa evidenciado o receio de utilizar o sistema bancário formal para repassar o dinheiro ao ex-Presidente e então sugere entregar os recursos em espécie, por meio de seu pai, diz: ‘Tem vinte e cinco mil dólares com meu pai. Eu estava vendo o que, que era melhor fazer com esse dinheiro levar em ‘cash’ aí. Meu pai estava querendo inclusive ir aí falar com o presidente (…) E aí ele poderia levar. Entregaria em mãos. Mas também pode depositar na conta (…). Eu acho que quanto menos movimentação em conta, melhor né? (…)’”, diz trecho de relatório da PF. 

O esquema da organização criminosa, no entanto, vai para além da subtração e venda de joias recebidas em viagens oficiais. Segundo a PF e o STF, são 5 eixos de atuação do grupo, que inclui até mesmo a de golpe de Estado

No despacho em que autoriza a operação da PF contra os envolvidos no esquema de vendas de joias, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, afirma que a nova investigação é um desdobramento do Inquérito 4.874/DF, mais conhecido como inquérito das milícias digitais, pelo qual Bolsonaro também é investigado. 

Segundo o magistrado, a partir do avanço das investigações, a PF identificou "cinco eixos principais de atuação da referida organização criminosa", que são: 

1 - Ataques virtuais a opositores;

2 - Ataques às instituições (STF, TSE), ao sistema eletrônico de votação e à higidez do processo eleitoral

3 - Tentativa de Golpe de Estado e de Abolição violenta do Estado Democrático de Direito

4 - Ataques às vacinas contra a Covid-19 e às medidas sanitárias na pandemia

5 - Uso da estrutura do Estado para obtenção de vantagens

Os mesmos personagens, incluindo Jair Bolsonaro, aparecem nas apurações dos 5 eixos investigados. É na apuração sobre uso da estrutura do Estado para obtenção de vantagens que consta o esquema da venda das joias e artigos de luxo.