O agente Danilo Campetti, lotado em delegacia de São José do Rio Preto, em São Paulo, foi afastado da Polícia Federal enquanto um processo disciplinar investiga sua conduta em evento de campanha do atual governador de SP, Tarcísio de Freitas (Republicanos), na comunidade de Paraisópolis, na zona sul da capital paulista, onde uma pessoa morreu após tiroteio em episódio até hoje mal explicado. Além de ex-assessor de Tarcísio, Campetti também esteve na condução coercitiva de Lula pela Lava Jato em 2019.
Na ocasião, o presidente deixava a carceragem da PF em Curitiba para ir à São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, ao funeral do seu neto Arthur. Eleitores do PT se irritaram com o agente à época ao encontrarem suas redes sociais e constatarem se tratar de um bolsonarista.
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A portaria que determinou o afastamento de Campetti da PF foi publicada na última quarta-feira (9) e também determina que o agente esteja disponível para responder aos questionamentos da investigação interna. Caso se ausente de sua residência, deverá informar a PF.
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Campetti atuou ao longo de 2022 como assessor do então candidato ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Em janeiro desse ano, pediu afastamento de suas funções para atuar ao lado do governador.
Em outubro de 2022, em plena campanha eleitoral, Tarcísio fazia um evento na comunidade de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo. Uma suposta troca de tiros, até hoje não esclarecida, vitimou o jovem Felipe Silva. Tarcísio usou o episódio politicamente, afirmando na imprensa ter sofrido uma tentativa de atentado.
Mas um cinegrafista da Jovem Pan teria filmado um agente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) que estava de folga, fazendo os disparos para o ar. O mesmo cinegrafista alegou, dias depois, que foi intimidado pelo mesmo agente para apagar as imagens. A hipótese acusatória aponta que o tiroteio foi simulado para servir politicamente a Tarcísio como uma espécie de “facada”, em alusão ao atentado sofrido por Bolsonaro em 2018, e que a morte de Felipe teria sido produzida para justificar a narrativa.
Até hoje a história não foi esclarecida, mas Campetti estava no evento. E é sobre sua conduta naquela tarde de outubro em Paraisópolis que ele é investigado em processo disciplinar na PF. Ficará afastado até o fim da investigação que pode elucidar melhor o episódio, para além da atuação do agente.
Agente alega perseguição de Lula
Em junho passado Campetti teve sua cessão ao gabinete de Tarcísio cancelada pelo Ministério da Justiça e teve de voltar à delegacia de São José do Rio Preto por conta da falta de efetivo na região após a criação de novas diretorias da PF na região.
À época, pessoas ligadas a Tarcísio tentaram contato com o ministro Flávio Dino, da Justiça e Segurança Pública, para reverter a decisão, mas não obtiveram sucesso. Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, e Andrei Passos, diretor-geral da PF, também foram procurados pelo mesmo motivo e nada puderam fazer.
Logo que voltou à delegacia no interior de São Paulo, há dois meses, a sindicância foi aberta. Campetti, que é bolsonarista e conviveu com o ex-presidente durante sua campanha em 2018, atribui a sindicância e o afastamento à perseguição do presidente Lula.