Atual governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse não ter visto excesso em atuação da Polícia Militar (PM) nas favelas do Guarujá. A operação causou morte de 13 pssoas, por enquanto, e policiais teriam prometido atingir fatalmente 60 moradores. O governador também foi general do Exército brasileiro na missão de paz no Haiti, que entre 2004 e 2017. No período, foram registrados mais de 30 mil mortos no país.
A Minustah (Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti) foi comandada pelas tropas do Brasil por 13 anos e deixou, segundo informações, um cenário vítimas de cólera, abusos sexuais, miséria e instabilidade política. Oito dos militares que estiveram em cargos importantes na missão receberam honrarias e integraram o governo de Jair Bolsonaro – entre eles, Tarcísio de Freitas.
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"Nós nos apresentamos como salvadores do Haiti. Premiamos os generais brasileiros que passaram no Haiti com postos de ministros. No Palácio do Planalto, nunca foi contestado nada, quando de fato o Brasil foi conivente com essa situação"
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Ricardo Seitenfus, representante especial da Organização dos Estados Americanos (OEA) no Haiti entre 2009 e 2011
Oficial do Exército de 1992 a 2008, ele era chefe da seção técnica da Companhia Brasileira de Energia de Força de Paz nos anos de 2005 e 2006. Em 2019, passou a comandar o ministério da Infraestrutura na gestão do ex-presidente.
"A experiência de enfrentamento no Haiti, de certa forma, nos ajuda a se colocar na situação do policial que está na rua todos os dias enfrentando a criminalidade."
Tarcísio de Freitas, em vídeo publicado em junho de 2022
Haiti: como foi a intervenção brasileira
Com um princípio de guerra civil resultante da queda do então presidente do Haiti, Jean Bertrand Aristides, o Conselho de Segurança da ONU organizou a Minustah em junho de 2004. A operação foi liderada pelo Exército brasileiro, que enviou 37 mil soldados com o objetivo de restabelecer a ordem social e levar ajuda humanitária ao país.
A Minustah também teria causado muita violência contra estudantes e pobres que moravam nas favelas. Denúncias apontam que houve estupros de mulheres e homens, além de ser responsável pela epidemia de cólera. Foi um desastre muito grave feito pela ONU
Nos três anos seguintes, as tropas do Brasil contribuiíam nas tentativas de manutenção da segurança no Haiti, sobretudo nas favelas com presença de gangues: Bel Air, Cité Militaire e Cité Soleil – a última com 500 mil habitantes.
Em julho de 2005, segundo testemunhas, cerca de 300 soldados fortemente armados invadiram o bairro e teriam assassinado 63 pessoas. A operação "Punho de Ferro", sob o comando do general Augusto Heleno, teria disparado 22 mil tiros, conforme investigação jornalística a partir do WikiLeaks. Heleno foi ministro de Estado Chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República. O caso do general Heleno foi objeto de denúncia na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
A pacificação das favelas, de modo semelhante ao que acontece no Brasil, passou pela militarização das forças policiais, popularmente denominados como os "capacetes azuis", em alusão à peça de proteção utilizada por soldados da ONU. Foram mais de 2 mil denúncias de abuso e exploração sexual por parte dos soldados – 300 envolvem crianças, segundo a Associated Press.
"Fomos lá para ajudar os civis haitianos, para protegê-los. Nós terminamos matando 50 mil com a cólera e ficamos em silêncio. Fomos coniventes. Por nossa ação e omissão", diz Seitenfus. O número de mortes teria considerado fontes não oficiais e estudos independentes, que identificaram uma epidemia de cólera como fator preponderante nos registros fatais.
A cólera contaminou mais de 700 mil pessoas e deixou 10 mil mortos. A falta de responsabilização da ONU resultou em uma epidemia que acometeu o país logo após o terremoto de magnitude 7 no Haiti. A estimativa da ONU é de 300 mil mortes causadas pelo tremor.
Com informações do Brasil de Fato.