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Um estudo realizado por Sabine Lee, professora de história na Universidade de Birmingham, e Susan Bartels, cientista clínica na Universidade Queen's em Ontário, revelou que soldados das forças de paz da ONU estupraram e abandonaram centenas de filhos no Haiti durante a missão "Minustah" no país.
Das mulheres entrevistadas pelas pesquisadoras, 265 relataram ter filhos de membros das forças de paz, que vieram de pelo menos 13 países, mas principalmente do Uruguai e do Brasil. "Meninas de 11 anos foram abusadas sexualmente e engravidadas", conta o estudo. As forças de paz estiveram no Haiti de 2004 a 2017.
"Eles punham algumas moedas em suas mãos para deixar um bebê em você", contou uma haitiana entrevistada pelas autoras. O estudo foi feito a partir de um levantamento com 2.500 mulheres que moravam perto de bases das forças de paz.
A pesquisa também mostrou que a maioria das histórias incluía formas sutis de coerção, com a oferta de pequenas quantias de dinheiro ou comida por sexo com mulheres e meninas que eram extremamente pobres. Em outros casos, as mulheres e seus parentes descreveram relacionamentos consensuais que terminaram quando as forças de paz deixaram o Haiti.
"Não é um problema da ONU, é um problema militar brasileiro ou um problema militar uruguaio", disse Lee, uma das autoras. "A ONU, porém, não encontrou uma maneira de responsabilizar as tropas dos países membros", continuou.
O responsável pelas tropas brasileiras da missão no Haiti é o general Augusto Heleno, atual chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Bolsonaro. Além da polêmica envolvendo o rastro de abuso sexual no país, Heleno também é acusado de ter permitido a morte de até 60 civis em uma operação em uma favela em Porto Príncipe, capital do Haiti, em 6 de julho de 2005.