"REBELDE"

Tarcísio de Freitas fala pela 1ª vez sobre “desobediência” a Jair Bolsonaro

Governador de SP foi demonizado pela própria extrema direita que o elegeu, já que apoiou a reforma tributária. A confusão com o padrinho político foi pública e difícil de esconder

Créditos: Agência Brasil/Montagem
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Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, não vem tendo dias muito calmos da última semana para cá. Após anunciar seu apoio à reforma tributária pautada pelo governo Lula (PT), discordando apenas do que definiu como “questões pontuais”, e de ir na mão contrária das ordens do “líder divino” da extrema direita, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o que lhe rendeu até grosserias e críticas públicas por parte do “radical supremo”, o carioca que chegou ao Executivo do estado mais rico e populoso do país precisou enfrentar a violência e o destempero da matilha ultrarreacionária do seu próprio grupo político.

As fotos sorridentes ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a insistência em manter a posição pró-reforma na frente de toda a bancada do PL na Câmara, numa reunião de contornos selvagens, trouxeram-lhe problemas e o fizeram ficar mudo nos últimos quatro dias. Mas o silêncio foi rompido.

“Sempre tive uma lealdade muito grande (a Bolsonaro). Os pontos sobre reforma eu tinha colocado antes para ele e tá tudo bem. Conversamos e sempre serei leal ao presidente, sempre serei grato ao presidente. Se eu estou aqui, eu devo a ele”, disse Tarcísio durante uma solenidade que celebra a Revolução de 1932, chamando ainda Bolsonaro de “grande amigo”.

“Não é possível que a gente vá concordar sempre em tudo, já era assim quando eu era ministro. Tinha situações que eu discordava dele, mas procurava assessorá-lo da maneira mais respeitosa, da maneira mais leal possível”, ainda completou o governador.

A manifestação foi um ato claro de bandeira branca da parte de Tarcísio, mas seus mais recentes movimentos no tabuleiro político sugerem outra coisa. Ainda que sinalize panos quentes com seu mentor, para a maior parte dos analistas políticos, ele quer mesmo é criar cada vez mais independência e distância do bolsonarismo e de Bolsonaro.

Com os direitos políticos cassados por oito anos e cada vez mais estridente e desequilibrado após a derrota eleitoral para Lula (PT) no ano passado, Bolsonaro tende a derreter politicamente aos poucos. Tarcísio, com perfil mais “moderado”, espécie de bolsonarismo que come com talheres e escova os dentes, estaria procurando mesmo é um lugar mais ao centro, que possa aglutinar forças para a eleição presidencial de 2026.