BOLSONARISMO EM GUERRA

Carlos Bolsonaro perde a linha e parte pra cima de presidente do Republicanos

O vereador e filho do ex-presidente Jair Bolsonaro não gostou nada das críticas que o deputado Marcos Pereira fez a seu pai

Carlos Bolsonaro perde a linha e parte pra cima de presidente do Republicanos.Créditos: Reprodução redes sociais
Escrito en POLÍTICA el

A aprovação da Reforma Tributária expôs um profundo racha na base política do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que teve que observar figuras como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o presidente do partido Republicanos, o deputado federal Marcos Pereira, declararem apoio ao texto.

Por sua vez, Marcos Pereira, antes fiel defensor do ex-presidente Bolsonaro, entregou 36 dos 39 votos do Republicanos para a Reforma Tributária. Além disso, Tarcísio de Freitas, que foi ministro do ex-mandatário e escolhido a dedo por Jair para ser candidato ao governo de São Paulo, tratou pessoalmente com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o texto e a tramitação da Reforma. Para a horda bolsonarista, Tarcísio é o "novo Doria", ou seja, um traidor.

Ao justificar a entrega dos votos do Republicanos em favor da Reforma Tributária, Marcos Pereira detonou o ex-presidente. "Nós somos de centro-direita, e ele (Bolsonaro) é de extrema-direita. Os extremos são duas faces da mesma moeda, tanto a extrema-esquerda quanto a extrema-direita fazem mal para a sociedade. O governador é de centro-direita, não é radical", afirmou.

Além disso, Pereira também afirma que ninguém isolou o ex-presidente Bolsonaro, pois ele o fez por vontade própria. "Os episódios de hoje (quinta-feira) não isolam Bolsonaro, porque ele já se isolou e vem se isolando por seu próprio comportamento. Entregou a eleição para o Lula por causa do comportamento dele. Vem se isolando quando começa a brigar com o Judiciário, quando, lá no início do governo, briga com o Parlamento, quando ele é contra a vacina", disse Pereira, que, assim como 93% de seu partido, votou a favor da reforma.


Carlos Bolsonaro perde a linha


O vereador e filho do ex-presidente, Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), não gostou nada das críticas que Marcos Pereira fez a seu pai e partiu para cima do pastor licenciado e, com sua linguagem própria, acusou Pereira de ingratidão.

"Essa raça aumentou a bancada e o poder devido às palavras e ações do Presidente Jair Bolsonaro e hoje falam assim. Será por quê? Acho que é porque creem no que pregam!", disse Carlos Bolsonaro.

Além disso, ao responder a uma internauta que compartilhou a entrevista de Marcos Pereira, onde o ex-aliado ataca Bolsonaro, Carlos ironizou: "Tudo pela democracia! Viva a crença em Deus".

 

Tarcísio de Freitas fala pela 1ª vez sobre “desobediência” a Jair Bolsonaro

Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, não vem tendo dias muito calmos da última semana para cá. Após anunciar seu apoio à reforma tributária pautada pelo governo Lula (PT), discordando apenas do que definiu como “questões pontuais”, e de ir na mão contrária das ordens do “líder divino” da extrema direita, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o que lhe rendeu até grosserias e críticas públicas por parte do “radical supremo”, o carioca que chegou ao Executivo do estado mais rico e populoso do país precisou enfrentar a violência e o destempero da matilha ultrarreacionária do seu próprio grupo político.

As fotos sorridentes ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a insistência em manter a posição pró-reforma na frente de toda a bancada do PL na Câmara, numa reunião de contornos selvagens, trouxeram-lhe problemas e o fizeram ficar mudo nos últimos quatro dias. Mas o silêncio foi rompido.

“Sempre tive uma lealdade muito grande (a Bolsonaro). Os pontos sobre reforma eu tinha colocado antes para ele e tá tudo bem. Conversamos e sempre serei leal ao presidente, sempre serei grato ao presidente. Se eu estou aqui, eu devo a ele”, disse Tarcísio durante uma solenidade que celebra a Revolução de 1932, chamando ainda Bolsonaro de “grande amigo”.

“Não é possível que a gente vá concordar sempre em tudo, já era assim quando eu era ministro. Tinha situações que eu discordava dele, mas procurava assessorá-lo da maneira mais respeitosa, da maneira mais leal possível”, ainda completou o governador.

A manifestação foi um ato claro de bandeira branca da parte de Tarcísio, mas seus mais recentes movimentos no tabuleiro político sugerem outra coisa. Ainda que sinalize panos quentes com seu mentor, para a maior parte dos analistas políticos, ele quer mesmo é criar cada vez mais independência e distância do bolsonarismo e de Bolsonaro.