A Comissão de Ética Pública (CEP) da Presidência da República aplicou uma censura ética ao deputado federal e ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (PL-SP), devido ao uso de dinheiro público em suas viagens para São Paulo, seu reduto eleitoral.
Durante seu período como ministro do Meio Ambiente no governo de Jair Bolsonaro, Salles realizou mais de 130 viagens pelo país, sendo que 90 delas tinham São Paulo como destino. Ao longo de um ano e meio, essas viagens resultaram em gastos de R$ 230 mil de recursos públicos.
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Segundo uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo deste sábado (29), Salles costumava incluir São Paulo em suas viagens às quintas ou sextas-feiras, retornando a Brasília apenas no início da semana seguinte.
De acordo com a Comissão de Ética, essas viagens não eram registradas com informações sobre compromissos oficiais na agenda oficial de Salles, o que vai contra o princípio de transparência e configura uma infração do Código de Conduta da Alta Administração Federal (CCAAF).
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Salles informou ao Estadão que prestou esclarecimentos à Comissão de Ética. Ele justificou que, devido à escassez de voos comerciais durante a pandemia, "praticamente todos os voos para diferentes regiões do Brasil partiam de São Paulo, o que foi ignorado na decisão".
"Além disso, São Paulo é a cidade onde se encontram diversas entidades, associações e empresas, que durante a pandemia enfrentavam muitas dificuldades para ir a Brasília", acrescentou Salles.
A conduta de Salles também está sendo analisada em outro procedimento da Comissão de Ética, relacionado a uma suposta interferência na Polícia Federal (PF) enquanto era ministro. Ele foi alvo de uma investigação da PF por supostamente favorecer madeireiros ilegais.
O delegado da PF, Alexandre Saraiva, foi afastado da chefia da Superintendência do Amazonas após acusar Salles de utilizar seus poderes como ministro para obstruir as investigações.