DEPOIMENTO

Condenado por bomba em Brasília detalha atuação de grupo fascista composto por militares da reserva

Os chamados “Boinas Vermelhas” cobravam por serviços de forma semelhante a das milícias e levantou informações sobre a segurança de autoridades dos três poderes

'Boinas Vermelhas' em protesto no Rio de Janeiro.Créditos: Reprodução /Redes Sociais
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Em depoimento prestado à Polícia Civil do Distrito Federal em 26 de janeiro e cujo relatório foi entregue à CPMI dos Atos Golpistas nos últimos dias, Alan Diego dos Santos Rodrigues, um dos condenados pela tentativa de explodir uma bomba no aeroporto de Brasília na última véspera de Natal, detalhou a atuação do grupo fascista “Boinas Vermelhas” no contexto do acampamento bolsonarista armado diante Quartel-General do Exército e dos atos de 8 de janeiro.

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  • O bando é composto por militares da reserva e se autointitulava nas ruas como “paraquedistas” e “Boinas Vermelhas”.
  • Costumavam andar armados e cobravam dinheiro por serviços prestados aos acampados.
  • Os “Boinas Vermelhas” ofereceram para Alan Diego e George Washington de Oliveira Sousa providenciar a fabricação da bomba que explodiria no aeroporto de Brasília em 24 de dezembro.
  • O próprio Alan teria resolvido essa “tarefa” com a ajuda do outro condenado.
  • Além disso, já em preparação para os atos golpistas, o grupo mapeou os procedimentos e medidas de seguranças de algumas autoridades dos três poderes.

Leia trechos do relatório

“Os membros do grupo cobrariam por ‘serviços’ e teriam, segundo Alan Diego, realizado levantamentos relacionados à segurança de instalações e de autoridades do Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional, bem como de estações de energia elétrica em Brasília”

 

“Alan Diego relatou que integrantes do grupo denominado por ele como ‘mercenários’ queriam cobrar para fabricar e transportar a bomba no dia 24 de dezembro de 2022. Diante disso, o próprio Alan resolveu colocar o artefato explosivo em caminhão que estava estacionado nas imediações do Aeroporto Internacional de Brasília".

Grupo é citado em relatório da Abin

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) compartilhou com a CPMI dos Atos Golpistas 11 relatórios que elaborou desde o fim das últimas eleições, quando as movimentações para tentar barrar a posse do presidente Lula (PT) se intensificaram.

No décimo relatório, a Abin aponta a existência e as atividades de um grupo fundamentalista e fascista que planejava ação violência durante a posse de Lula, em primeiro de janeiro, como meio de ameaçar e intimidar o novo presidente. Trata-se dos “Boinas Vermelhas”.

  • De acordo com a Abin, militares da reserva integram o grupo.
  • Membros do grupo foram vistos perto da sede da Polícia Federal durante a diplomação de Lula, em 12 de dezembro, quando o prédio foi atacado.
  • O grupo se comunicava com radicais que queriam criar células paramilitares pelo país.
  • Um dos líderes do grupo participou da invasão da Câmara dos Deputados em 2016, que pedia “intervenção militar”.
  • O mesmo grupo fundamentalista foi apontado como o responsável pela incitação ao vandalismo durante o desfile de 7 de setembro de 2021 na capital.