AGRESSÃO

Como a Interpol vai atuar no caso do ataque a Moraes

A PF acredita que o aeroporto de Roma pode ter imagens de câmeras de segurança que ajudem a esclarecer o caso, mas ter acesso às mesmas não é tão simples

Alexandre de Moraes.Créditos: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O ataque sofrido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na última sexta-feira (14), no aeroporto de Roma, vem ganhando cada vez mais episódios. Dessa vez, a investigação do caso, que é feita pela Polícia Federal, toma proporções internacionais com o anúncio da participação da Interpol, que terá uma tarefa bastante específica.

A PF acredita que o próprio aeroporto de Roma tem em posse uma série de imagens de câmeras de segurança que ajudem a esclarecer o caso. Mas ter acesso às mesmas não é tão simples. A PF precisa formalizar um pedido de acesso às imagens e fundamentar muito bem a sua justificativa para convencer as autoridades italianas a colaborarem.

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É aí que entra a Organização Internacional de Polícia Criminal, ou Interpol. A PF enviou o pedido para acesso às imagens justamente para a Interpol na tarde desta segunda-feira (17). Com o aval da corporação internacional, as coisas podem ficar mais fácil com os italianos.

Além disso, a PF também acionou o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) do Ministério da Justiça e Segurança Pública que irá negociar com as autoridades italianas. Ainda que o governo italiano não seja obrigado a enviar as fotos para o Brasil, o ministro Flávio Dino acredita que não haverá muitos problemas nesse sentido e a Itália colaborará com a justiça brasileira. Não há prazo para uma conclusão dos trâmites.

Relembre o ataque

Moraes estava ao lado do seu filho no aeroporto de Roma, na Itália, na última sexta-feira (14), quando foi hostilizado por três bolsonaristas. “Bandido, comunista comprado”, disseram os agressores que agora estão devidamente identificados pela Polícia Federal (PF).

Os xingamentos foram proferidos por uma mulher chamada Andreia. Em seguida, um homem identificado pela PF como Roberto Mantovani Filho chegou a agredir o filho do ministro com um tapa. O rapaz teria tentado intervir nas agressões ao pai. Logo depois, um terceiro bolsonarista identificado como Alex Zanatta se juntou a Andreia e Roberto nos xingamentos ao magistrado. Andreia e Roberto são casados, Alex é genro deles.

Moraes voltava de Siena, onde ministrou uma palestra na universidade daquela cidade. Eles não estavam no mesmo voo e o encontro ocorreu no saguão do aeroporto. Moraes tomou um avião para outro lugar da Europa e os bolsonaristas estavam retornando para São Paulo.

Após desembarcarem no aeroporto de Guarulhos os três foram identificados pela PF e responderão em liberdade a um inquérito por crimes contra a honra e ameaça contra Moraes. Mesmo tendo as agressões ocorrido no exterior, os bolsonaristas podem ser responsabilizados no Brasil.

A defesa de Roberto, empresário de Santa Bárbara D’Oeste, no interior de São Paulo, alega que seu cliente, na verdade, teria contido os ânimos do filho do magistrado, qualificado na fala da defesa como “jovem ofensor”. Já Alex Zanatta afirmou, em depoimento à PF, que não insultou Moraes ou sua família. Roberto e Andreia prestam seus depoimentos na próxima terça-feira (18).