A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), alvo de inquéritos no âmbito criminal, enfrenta também processos na Justiça Eleitoral e, após decisão desta segunda-feira (10) do ministro Benedito Gonçalves, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), está cada vez mais perto de ter o seu mandato cassado e ser declarada inelegível.
Gonçalves, que é o corregedor-geral eleitoral, despachou determinando que duas ações contra Zambelli sejam remetidas à Justiça Eleitoral de São Paulo, o que deve acelerar o processo. Ambas as ações acusam a deputada bolsonarista de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação para a divulgação de notícias falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro - ou seja, as representações contêm o mesmo teor daquela que fez o TSE sentenciar Jair Bolsonaro a 8 anos de inelegibilidade.
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Os casos foram parar no TSE após pedido da defesa de Zambelli, que argumentou haver conexão entre as ações contra ela e outros processos do tipo na Corte. Benedito Gonçalves, entretanto, afirmou que a concentração das representações, neste caso, "não se justifica".
"Cabe lembrar que a reunião de processos é medida que atende à racionalidade processual. Sob essa óticaão se justifica a concentração, na Corregedoria-Geral Eleitoral, de todas as ações ajuizadas em quaisquer unidades da federação a respeito de fatos assemelhados, em prejuízo à tramitação célere das ações relativas ao pleito presidencial”, escreveu o ministro em seu despacho.
Desta maneira, uma vez remetidas as ações contra Zambelli para a Justiça Eleitoral de SP, o processo deve correr em tempo menor e a tendência é que a bolsonarista seja condenada.
Autor, ao lado da deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), de uma das ações em questão, o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) celebrou a decisão de Benedito Gonçalves.
"A ação contesta um vídeo publicado por Zambelli, em 2022, em que ela instiga generais das Forças Armadas a não reconhecerem a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no pleito. Ou seja, uma tentativa de GOLPE! Carla Zambelli deve ser devidamente responsabilizada", escreveu o parlamentar.
Zambelli é delatada pelo "Hacker de Araraquara"
A vida da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) deve se complicar nos próximos dias, pois, segundo apuração da jornalista Andréia Sadi, Walter Delgatti, também conhecido como o 'hacker de Araraquara', delatou a deputada à Polícia Federal (PF).
Para obter a sua soltura, Walter Delgatti, que estava preso por violar determinações judiciais, disse em depoimento à PF que a deputada federal Carla Zambelli lhe pediu para invadir as urnas eletrônicas e que, caso não conseguisse, que tentasse invadir o e-mail e o telefone de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
No depoimento à PF, Walter Delgatti também teria revelado que o pedido de Carla Zambelli foi feito em setembro de 2022 durante um encontro dos dois na Rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo. Na época, já estava em curso a disputa e a campanha eleitoral.
Walter Delgatti admitiu à PF que não conseguiu invadir o sistema da urna eletrônica nem o celular do ministro Alexandre de Moraes.
O Hacker de Araraquara também falou sobre a criação de uma falsa ordem de prisão para Alexandre de Moraes, que era uma ideia para compensar Carla Zambelli, que queria alguma coisa para atacar Moraes e revelar suposta fragilidade da Justiça brasileira.
Delgatti conta que Zambelli ficou animada com a ideia e redigiu o documento e enviou para ele para incluir no sistema. O hacker disse à PF que corrigiu erros de português e emitiu o documento.
A deputada Carla Zambelli não se pronunciou até este momento.