Ex-deputado estadual no Paraná, o empresário Tony Garcia fez novas revelações sobre as relações promíscuas que mantinha com o senador Sergio Moro (União-PR) durante a passagem do ex-juiz pela 13ª Vara Federal de Curitiba, quando coordenou o lawfare conduzido pela Lava Jato que levou o presidente Lula à injusta prisão por 580 dias.
Em entrevista à CNN neste domingo (5), Garcia, que foi um dos delatores da Operação Lava Jato, afirmou que foi "amarrado" no acordo feito com os procuradores comandados pelo deputado cassado Deltan Dallagnol (Podemos-PR), que à época estava à frente da força-tarefa, e usado para levantar quaisquer suspeitas para atacar Lula e o PT.
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“Eles me amarraram nesse acordo durante dez anos. Eles ficaram me usando para obter informações, usaram informações para perseguir o PT, eles usaram da minha amizade com o Eduardo Cunha para eu colher informações de operadores do PT, operadores da Petrobras, operadores do Zé Dirceu, de tudo, eles queriam pegar tudo”, afirmou.
Garcia ainda revelou que obedecia ordens diretamente dadas por Moro e atuava como um "agente infiltrado" da Lava Jato.
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“Eu falei que eu era agente infiltrado, que eu recebia as ordens diretas do Moro, que ele pedia para eu ir sem advogado. Eu fui 40 vezes ao MPF, fiquei trabalhando para eles, me fizeram de funcionário”, disse.
Ele disse que resolveu tornar público as denúncias após relatar, sem sucesso, o caso à juíza Gabriela Hardt. Garcia afirmou ainda que o juiz Eduardo Appio, que havia assumido o lugar de Moro na 13ª Vara Federal, levou adiante às denúncias e que acredita que por esse motivo o magistrado foi punido pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região.
Em entrevista a Joaquim de Carvalho na TV 247, Tony Garcia contou que Moro teria obtido vídeos de uma "festa da cueca", em que os atuais desembargadores do TRF-4 estavam com prostitutas. As imagens serviriam para o atual senador chantagear os magistrados da corte, responsável por homologar as decisões quando ele era juiz em Curitiba.
"Teve até uma festa que chamaram de festa da cueca, feita com desembargadores em Curitiba, na suíte presidencial. Teve essa festa da cueca, tinha um monte de desembargador, mandaram prostitutas pro hotel", disse Garcia ao jornalista Joaquim de Carvalho.
Segundo ele, Appio foi tirado do comando da 13ª Vara de Curitiba pelos desembargadores pois teria submetido essas informações ao Supremo Tribunal Federal (STF).
“Aí o Moro entrou em cena logo para abafar isso daí, para tirar o Appio. Porque ele achava que o doutor Appio era a pessoa que ia dar continuidade, ia tirar esse esqueleto do armário. E realmente tirou, ele tirou o meu esqueleto porque se eles achavam que iam me intimidar quebrando o meu acordo que ele mesmo [Moro] disse que é transitado e julgado. Eles não me intimidaram, pelo contrário, eles me deram força de vir a público agora e denunciar o que estão fazendo”, disse à CNN.