Fazer autoelogio pode ser algo perigoso, especialmente quando quem se autoelogia parece não conseguir diferenciar falta de modéstia e falta de senso do ridículo. Na tarde desta quarta-feira (31), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), esteve na CPI do MST, em Brasília, e uma declaração sobre sua própria gestão se encaixou exatamente nesta situação.
O chefe do Executivo goiano, um bolsonarista de primeira hora e assumido político ultrarreacionário, falava sobre seus feitos na área da Segurança Pública quando, ao que consta, exagerou um pouco sobre a realidade local. Quem ouve a intervenção pensa que o homem público falava de Oslo, Helsinque ou Tóquio.
“Hoje, vocês podem ter certeza que a única pessoa que tem que andar de carro blindado em Goiás, e com segurança triplicada, sou eu... O resto da população, todo mundo anda de vidro aberto, podendo transitar a hora que quiser, por um motivo simples: no dia que eu assumi o governo, eu disse... Ou o bandido muda de profissão, ou muda de Goiás... E prevaleceu essa tese, e assim foi feito no meu estado”, disse Caiado, para aplausos esfuziantes de uma plateia composta majoritariamente por parlamentares bolsonaristas.
Ainda que Goiás, de fato, tenha diminuído o número de homicídios de 2011 para cá, e Caiado assumiu em 2019, outros dois estados tiveram melhora nesse indicador nos últimos dois anos, ficando à sua frente o Acre e Sergipe. No território goiano, em 2022, 1.232 pessoas foram assassinadas, o que dá um índice de 17,1 mortes para cada 100 mil habitantes. No Brasil, esse índice geral é de 22,3. Oslo, na Noruega, tem 3,2 assassinatos para cada 100 mil habitantes, enquanto Helsinque, na Finlândia, registra 2,4 e Tóquio, no Japão, 0,3. Esses números são muito inferiores à realidade brasileira e de Goiás.
Quando o assunto são os Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI), Goiás aparece em 7° na diminuição dessas ocorrências, registrando queda de -17,3%, enquanto o Acre (1°) teve -38,6%, Sergipe (2°) -26,5%, Rio Grande do Norte (3°) -21,1%, Tocantins (4°) -19,2%, Ceará (5°) -18,3% e Distrito Federal (6°) -18,1%.
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