OPERAÇÃO VENIRE

Bolsonaro está “desesperado” com visita da PF e assessores ameaçam “incendiar” o Brasil

A Polícia Federal realiza nesta terça operação que investiga fraude em dados de vacinação contra a Covid

Bolsonaro está “desesperado” com visita da PF e assessores ameaçam “incendiar” o Brasil.Créditos: Palácio do Planalto/Divulgação
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) entrou em pânico ao receber visita da Polícia Federal (PF) na manhã desta terça-feira (3) para realizar busca e apreensão no contexto da operação Venire. 

Segundo informações da jornalista Monica Bergamo, na Folha de S. Paulo, Bolsonaro telefonou para políticos, advogados e apoiadores assim que a PF baixou em sua casa, em Brasília. 

Em desespero, Bolsonaro pediu para que todos os seus aliados se reunissem com ele em Brasília assim que possível. Os apoiadores tentam a todo custo conseguir passagens para a capital do país. 

Um assessor, que falou com a jornalista Monica Bergamo sob a condição de anonimato, fez ameaças. "Estão brincando com fogo. Estão fazendo coisas sem a menor justificativa e explicação, verdadeiros absurdos, estão querendo incendiar o Brasil", disse. 


Casa de Bolsonaro é alvo de busca e apreensão e Mauro Cid é preso


O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, foi preso durante a Operação Venire, deflagrada pela Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (3). Os policiais também cumprem mandado de busca e apreensão na casa do ex-presidente.

A operação está sendo realizada dentro do inquérito policial que apura a atuação do que se convencionou chamar “milícias digitais”, em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF) e foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes.

A PF cumpre 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva, em Brasília e no Rio de Janeiro, além de análise do material apreendido durante as buscas e realização de oitivas de pessoas que detenham informações a respeito dos fatos.

A corporação investiga um grupo suspeito de inserir dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde, o Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) e Rede Nacional de Dados em Saúde

A inclusão dos dados falsos ocorreu entre novembro de 2021 e dezembro do ano passado. As pessoas beneficiadas conseguiram emitir certificados de vacinação e usar para burlar restrições sanitárias impostas pelos governos do Brasil e dos Estados Unidos, segundo os investigadores.

Segundo a PF, a apuração indica que o objetivo do grupo seria manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas, no caso, sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19.

De acordo com a corporação, os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores.

A PF explicou que o nome da operação deriva do princípio “Venire contra factum proprium”, que significa "vir contra seus próprios atos", "ninguém pode comportar-se contra seus próprios atos". É um princípio base do Direito Civil e do Direito Internacional, que veda comportamentos contraditórios de uma pessoa.