CASSADO

No desespero, Dallagnol faz acusação gravíssima a ministro relator de seu caso no TSE

O deputado cassado deu entrevista incendiária à Folha e acusou Benedito Gonçalves de algo inédito até o momento. “Entregou minha cabeça”, disse

Deltan Dallagnol em manifestação em Curitiba.Créditos: Twitter/Reprodução
Escrito en POLÍTICA el

Inconformado com a cassação por decisão unânime do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de seu mandato de deputado federal, o ex-procurador Deltan Dallagnol (Podemos-PR), figura exponencial da Operação Lava Jato, deu uma entrevista incendiária ao jornal Folha de S.Paulo nesta terça-feira (23) e faz uma acusação gravíssima e direta ao ministro Benedito Gonçalves, relator de seu processo e que fundamentou o voto que foi acatado por todos os demais integrantes da Corte.

“O ministro condutor do voto (Benedito Gonçalves) trouxesse um voto que objetiva entregar a minha cabeça em troca da perspectiva de fortalecer a sua candidatura para uma vaga no STF, num contexto que a gente precisa lembrar. Esse ministro deveria ter se declarado suspeito por ter sido alvo, segundo a imprensa noticiou, de uma delação no âmbito da Lava Jato e num contexto em que nós já vemos vários sinais de amizade e de proximidade entre esse ministro e o próprio presidente Lula”, disparou Dallagnol, após dizer que “uma decisão ocorrida em 66 segundos” seria uma decisão “combinada”.

“O fato de ter existido uma unanimidade nessa decisão tomada em 66 segundos mostra que ela foi combinada. Ainda mais que, em visitas a ministros, houve ministro que nos assegurou que a sua posição era de que eu estava elegível e de que não compactuaria com alguma decisão política que viesse em sentido contrário ao direito”, disse, sem, no entanto, revelar quem foi o ministro que o fez tal proposta de elegibilidade.

O deputado cassado insistiu em defender o “legado” da Lava Jato, operação em que ele atuou como procurador e na qual o agora senador Sergio Moro (União Brasil-PR) era o juiz, usando isso como tese para explicar a decisão unânime do TSE por retirar seu mandato. Grande parte das decisões da Lava Jato, flagrantemente arbitrárias e em contrariedade com os princípios do Direito, foi anulada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que deixou claro o conluio existente entre Dallagnol e Moro na condução desses trabalhos.

“Para além dos interesses desse ministro específico, nós precisamos entender que existem outros interesses de ministros pela indicação de pessoas para as vagas do STF; e a gente precisa entender que vários dos nomes mais poderosos da República são pessoas que foram investigadas na Lava Jato e que tiveram seus interesses atingidos pela Lava Jato”, acrescentou o ex-integrante do MPF.

Questionado sobre a tese atabalhoada de que “Lula pode tudo” e teria articulado sua cassação no TSE, Dallagnol foi confrontado sobre o fato de três dos integrantes do TSE que votaram contra ele terem sido indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seu aliado e inimigo mortal do petista que ocupa a Presidência. O ex-procurador, na tentativa de explicar o “fenômeno”, colocou até o nome do ex-deputado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha no meio da história.

“Quando eu entrei na Câmara, um colega meu de partido estava no elevador e entrou Eduardo Cunha. Eduardo Cunha olhou para essa pessoa e disse: nós vamos cassar o Deltan”, argumentou.