A situação da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro está complicada, isso porque, durante investigação de esquema de desvio de dinheiro e suposta prática de rachadinha durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a Polícia Federal (PF) descobriu uma série de depósitos em dinheiro vivo realizados por Mauro Cid na conta de Michelle.
O tenente-coronel Mauro Cid, que foi ajudante de ordens de Bolsonaro durante seu mandato, está preso desde o último dia 3 de maio, acusado de operacionalizar o esquema de fraudes nos cartões de vacinação do ex-presidente e seu entorno. Após as apreensões dos seus celulares, outras questões passaram a ser investigadas.
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Em um primeiro momento, a defesa de Jair e Michelle Bolsonaro afirmou em nota que os depósitos se referem a gastos cotidianos da família e foram realizados com recursos próprios. No entanto em matérias publicadas na imprensa verifica-se outra história.
Posteriormente, a defesa de Jair e Michelle convocou uma coletiva de imprensa para apresentar uma versão absurda sobre os tais depósitos: a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro usava o cartão de crédito de uma amiga porque seu marido seria “pão-duro”. Além disso, sem créditos para emitir um cartão próprio, teria suas despesas pagas em dinheiro vivo pelo então ajudante de ordens Mauro Cid mediante reembolso à amiga.
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Segundo Fabio Wajngarten, advogado e ex-secretário de Comunicação Social do Governo Bolsonaro, Michelle usou o cartão de Rosemary Cardoso Cordeiro, com quem alega ter amizade de muitos anos, a partir de novembro de 2011. Isso ocorreu porque a ex-primeira-dama não teria crédito para emitir um cartão em seu nome até junho de 2021, quando finalmente adquiriu um.
Após uma série de reportagens e denúncias publicadas, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro usou as redes sociais para quebrar o silêncio sobre os depósitos suspeitos feitos por Mauro Cid em sua conta bancária.
Em uma primeira publicação, Michelle Bolsonaro endossa a tese apresentada pela sua defesa de que o ex-presidente Jair Bolsonaro "é pão duro". "Escandaloso! Imprensa 'esquece' de informar quanto Michelle movimentava", escreveu em suas redes.
Posteriormente, Michelle Boolsonaro postou uma foto onde é possível ver pastas com uma série de recibos. "Todos os meus recibos disponíveis", avisa Michelle.
Michelle Bolsonaro será intimada pela PF para depor
Michelle está no centro de um dos desdobramentos do inquérito da PF contra o ex-ajudante de ordens de seu esposo, o tenente-coronel Mauro Cid, que foi preso sob a acusação de liderar um esquema de falsificação de cartões de vacina que teria beneficiado, inclusive, o próprio Bolsonaro. A partir da apreensão do celular de Cid, descobriu-se um esquema de depósitos suspeitos feitos pelo militar, em dinheiro vivo, à ex-primeira-dama.
Segundo a jornalista Bela Megale, do jornal O Globo, uma fonte da PF informou que Michelle será, em breve, intimada a depor. O depoimento, entretanto, ainda não tem data marcada e deve ocorrer no “melhor momento para a investigação”
Nesta terça-feira (16), quem ficou cara a cara com os investigadores é Jair Bolsonaro. O ex-presidente prestou depoimento no âmbito da investigação que apura as fraudes nos cartões de vacina e que ensejou, inclusive, uma operação de busca e apreensão da PF em sua residência na capital federal.
O esquema de Mauro Cid com Michelle
A PF investiga suposto desvio de dinheiro e rachadinha dentro do Palácio do Planalto. A última descoberta dos investigadores neste sentido dá conta de uma série de depósitos em dinheiro vivo feitos por Mauro Cid à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
No último sábado (13) foi revelado que, após a abertura do sigilo de servidores da Ajudância de Ordens da Presidência da República, a PF chegou a transações suspeitas entre um militar, Luis Marcos dos Reis, e a ex-primeira-dama. A suspeita é de que se trata de uma versão do esquema de rachadinha, quando o dinheiro sai de dentro do governo, atravessa contas até voltar para um servidor em sua conta. De acordo com a PF, Reis é peça-chave na história. Ele era subordinado a Mauro Cid.
Segundo a investigação, o dinheiro saía da Cedro do Líbano Comércio de Madeiras e Materiais para Construção - que tinha um contrato com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (CODEVASF) - para a conta de Reis. Foram R$ 25 mil. O sargento, então, sacava o dinheiro vivo em caixa eletrônico. Os depósitos iam para a conta de Rosimary Cordeiro, amiga de Michelle Bolsonaro e assessora do senador Roberto Rocha (PTB-MA), que emitiu um cartão de crédito para a primeira-dama.
De acordo com a PF, o dinheiro ia para pagar o cartão de crédito usado por Michelle Bolsonaro. Em áudio, Mauro Cid confessou que o esquema era similar ao de rachadinha. "É a mesma coisa do Flávio [Bolsonaro]. O problema não é quanto! É como deputado, rachadinha, essas coisas", diz.
Além disso, foram feitos 12 depósitos para a conta de Maria Helena Graces de Moraes Braga, tia de Michelle Bolsonaro. Entre abril e julho de 2022 ela recebeu R$ 2840 mensais em depósitos de sargentos do exército ou de terminais de autoatendimento na Praça dos Três Poderes.
Agora, a PF encontrou em trocas de mensagens via WhatsApp as fotos de sete comprovantes de depósitos em dinheiro vivo enviadas a assessoras de Michelle Bolsonaro.
“A análise também identificou seus comprovantes de depósitos para a primeira-dama Michelle Bolsonaro no período de 8 de março de 2021 a 12 de maio de 2021, realizados por meio de depósitos fracionados em caixas eletrônicos de autoatendimento e um comprovante de depósito em espécie, possivelmente no atendimento presencial. Os comprovantes foram localizados tanto no grupo de WhatsApp da Ajudância de Ordens da Presidência da República, como em trocas de mensagens”, explicou a PF.
Ao todo, os depósitos somaram R$ 8600. O fato dos depósitos terem sido feitos de forma fracionada em caixas eletrônicos, e a partir de dinheiro vivo, faz com que os investigadores acreditem que, neste caso, esteja refletida a prática da rachadinha. Os pagamentos feitos desta maneira não permitem, por exemplo, a identificação da origem do depósito. A PF agora quer saber de onde vieram esses recursos para comprovar ou não a tese da linha de investigação.
Além desses comprovantes flagrados nas mensagens, também foi identificado um depósito de R$ 5 mil, em julho de 2021, que saiu diretamente da conta de Mauro Cid em direção à da ex-primeira-dama.