Na última quinta-feira (11) o Diário Oficial da União trouxe a informação da nomeação de Heitor Rodrigo Pereira Freire, ex-deputado federal pelo União Brasil do Ceará, para o cargo de diretor de gestão de fundos, incentivos e de atração de investimentos da Sudene. O problema é se trata de um ex-bolsonarista, que se elegeu em 2018 com o número 1717, se declarou ao longo da trajetória política como um ‘discípulo’ de Olavo de Carvalho – morto por Covid-19 em 2022 – e já defendeu a extinção do PT e da própria esquerda brasileira.
O novo emprego funciona em Recife (PE), sede da autarquia vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional, que tem o ex-governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), à cabeça. O salário de Freire será de R$ 14.849,50. A tarefa da diretoria de Freire é analisar como serão empregados os recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE). Ele foi indicado ao cargo por Luciano Bivar, presidente do seu partido.
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Em 2018, foi eleito deputado federal apresentando-se como um aliado de Jair Bolsonaro (à época do PSL). Freire ficou no PSL em 2019 mesmo com a debandada em massa dos aliados de Bolsonaro e, mais tarde, em 2021, após a fusão entre PSL e DEM, se viu no União Brasil.
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Naquele momento teria rompido com o ex-presidente, mas até então era um dos quadros mais radicais do bolsonarismo no seu Estado. O rompimento se deu em outubro de 2019 quando Bolsonaro acusou Freire de ter vazado áudios sobre uma disputa interna no PSL e então passou a ser chamado de traidor pelos bolsonaristas.
Freire foi um dos ex-aliados de Bolsonaro que, em depoimento à CPI das Fake News em 2020, confirmou a existência das chamadas milícias digitais.
Antes do rompimento
Em março de 2019, por exemplo, chegou a propor que o governo Bolsonaro criasse a ‘Secretaria de Desesquerdização da Administração Pública’ para evitar o que segundo ele seria “aparelhamento gradual do Estado por militantes e sindicalistas”. Foi nessa época que defendeu, com unhas e dentes, a própria extinção do PT.
No mesmo ano de 2019, defendeu que as escolas brasileiras adotassem livros do suposto filósofo Olavo de Carvalho, ‘guru’ de Bolsonaro, e do torturador criminoso Carlos Alberto Brilhante Ustra. À época, justificou a indicação como uma forma de “reverter o quadro da educação falida do Brasil”.
Em suas redes sociais, que foram desativadas após a nomeação ser divulgada pelo portal Metrópoles, não faltam elogios a Olavo de Carvalho. Apresentando-se como um seguidor do guru do bolsonarismo, fez uma postagem emocionada homenageando o “querido mestre” logo após sua morte, por Covid-19, em 2022. “Muito obrigado por dividir conosco a sua sabedoria. Tive o prazer de ser seu aluno”.
Procurado pelo Uol, Freire reconheceu que teria sido da “ala radical” do bolsonarismo até o rompimento em 2019 e diz que reviu uma série de conceitos e opiniões. “Não concordo mais com a desesquerdização. Aprendi com o tempo que ninguém está condenado a ser a mesma pessoa para o resto da vida”, declarou.