COMANDO DA CPMI

Governo rejeita o nome de Arthur Maia do União Brasil para presidente da CPMI do 8 de janeiro

Numa virada na tarde desta sexta-feira, governo Lula resolveu vetar o nome de Arthur Maia, do União Brasil, para presidente da CPMI do 8 de Janeiro. Entrevista à Jovem Pan com ataques ao governo foi uma das causas

Arthur Maia e Bolsonaro em 2021.Créditos: Reprodução
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Quando tudo parecia caminhar para a condução do deputado Arthur Maia, do União Brasil da Bahia, para a presidência da CPMI do 8 de Janeiro, o governo Lula voltou atrás e passou a vetar o nome do parlamentar, na tarde desta sexta-feira (28).

A batalha pelo comando da CPMI está em curso nos bastidores. Uma liderança eficaz da comissão é chave e pode decidir o curso das investigações e do desenrolar político dos trabalhos. Trata-se de uma articulação delicada para o governo, pois nem o relator nem o presidente da comissão serão do PT ou mesmo políticos de esquerda. O presidente da CPMI deverá ser um deputado de centro-direita.

Até a quinta, tinha-se como quase certo que o presidente da CPMI seria o jovem deputado federal André Fufuca (também conhecido como ‘Fufuquinha’). Ele tem apenas 33 anos, mas está já em seu terceiro mandato. Seu nome de batismo é André Luiz de Carvalho Ribeiro, mas tomou o nome político de André Fufuca por ser filho do atual prefeito de Alto Alegre do Pindaré, Fufuca Dantas, um político tradicional do Maranhão. Ambos são filiados ao PP de Arthur Lira, e o pai de Fufuquinha estreou na política ainda na ditadura militar, na Arena. O governo considerava um nome até razoável para a presidência da CPMI, pela ligação do jovem deputado com Arthur Lira e com Flávio Dino, por conta das relações político-familiares maranhenses. Mas Fufuquinha não quer ser presidente da comissão.

A ligação de Fufuquinha com Dino acabou contribuindo para a inviabilização de sua presidência, mas sua trajetória não deveria animar tanto assim a esquerda parlamentar. O jovem deputado votou a favor do golpe contra a presidente Dilma Rousseff. Depois, votou contra a cassação de Eduardo Cunha no comitê de ética da Câmara dos Deputados. Votou a favor da PEC do Teto dos Gastos e igualmente a favor da Reforma Trabalhista. De qualquer forma, ele está fora do jogo.

Com isso, na quinta, o nome favorito para a presidência da CPMI passou a ser o do deputado Arthur Maia, do União Brasil da Bahia. Ele foi indicado à comissão pelo líder do partido na Câmara, Elmar Nascimento, ligado umbilicalmente a Lira e que tem ódio mortal a Lula e ao governo do PT. Nascimento é um típico parlamentar do Centrão, tem enorme influência na base de seu partido na Câmara e viu frustrada sua praticamente certa nomeação como ministro das Comunicações de Lula. Ele foi abatido pelo PT baiano, com quem vive às turras, e viu um parlamentar inexpressivo e a quem ele devota imenso desprezo, Juscelino Filho, ocupar a vaga que já tinha como sua. O estado permanente de rebelião da bancada do União Brasil contra o governo Lula, que o partido integra com três ministros, é comandado por Elmar Nascimento. Arthur Maia é fiel a ele. 

Além disso, Maia integrou a base do governo Bolsonaro ao longo de todo mandato. Veja a seguir uma foto dele todo lampeiro ao lado de Jair Bolsonaro em 2021:

Uma indicação dos riscos de uma eventual presidência de Maia: ele significativamente concedeu entrevista na noite desta quinta à Jovem Pan, sendo saudado como virtual presidente da CPI e tecendo loas ao "jornalismo" da emissora de extrema direita. Fez um discurso dúbio, ora criticando as ações golpistas dos bolsonaristas, ora criticando o governo, dizendo que a CPI tem que investigar as "omissões" governistas. Disse não ser nem oposição nem situação. Sua presidência poderia ser um tiro no pé do governo? Veja a entrevista e avalie:

Na tarde desta sexta, o jogo virou de novo e Maia, já indicado pelo União Brasil para a CPMI, pode ficar fora da presidência. A entrevista à Pan foi uma das causas do veto.  Abrem-se novamente as negociações e conversas. Elmar Nascimento buscava no meio da tarde apoio de outro Arthur, o Lira, para confrontar o governo e exigir seu conterrâneo na Presidência da comissão. Mas será difícil conseguir.