FREUD EXPLICA

Bolsonaristas têm a pachorra de acusar o Governo Lula pela tentativa de golpe, critica Boulos

Líder do PSOL na Câmara recorre a repertório da psicanálise para explicar o comportamento da oposição que tenta distorcer os fatos de 8 de janeiro

Créditos: Agência Câmara - Guilherme Boulos recorre à psicanálise para explicar as teorias bolsonaristas para os atos de 8 de janeiro
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A leitura do pedido para criar a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que vai investigar os atos golpistas do dia 8 de janeiro foi feita nesta quarta-feira (26). Durante a sessão, em sua fala, o deputado Guilherme Boulos (Psol-SP) tentou explicar, a partir da psicanálise, o comportamento da bancada bolsonarista que tenta distorcer os fatos do dia da invasão e depredação das sedes dos Três Poderes e acusar o Governo Lula por tentar um golpe contra o Governo Lula.

"Estão aplicando esse conceito [da psicanálise] com perfeição na CPMI dos Atos do 8 de Janeiro. Têm a pachorra de acusar o Governo Lula pela tentativa de golpe contra o Governo Lula", comparou Boulos.

A psicanálise é um método terapêutico criado pelo neurologista austríaco Sigmund Freud (1856-1939) que consiste, de maneira simplificada, na interpretação, por um psicanalista, dos conteúdos inconscientes de palavras, ações e produções imaginárias de um indivíduo.

Boulos é psicanalista, especializado em psicologia clínica pela PUC/SP e mestre em psiquiatria pela Universidade de São Paulo (USP). Ele explicou que um dos conceitos da psicanálise é a projeção, que consiste em um mecanismo de defesa psíquico para que possamos nos proteger daquilo que a gente não pode lidar. 

"Projeção é quando você atribui aos outros uma característica que é sua. Alguns bolsonaristas aqui, tanto da Câmara quanto do Senado, embora não façam psicanálise e não sejam psicanalistas - acho, aliás, que faria bem se fizessem - eles sabem perfeitamente o que é projeção", provocou.

Cara de pau

A projeção de bolsonaristas tenta criar uma realidade paralela para explicar o vandalismo dos apoiadores do ex-presidente contra as sedes dos Três Poderes e a própria democracia brasileira. 

Boulos comenta que seria preciso ter muita coragem ou cara de pau para acreditar em uma versão dos fatos em que a tentativa de golpe envolveu uma polícia militar subordinada ao comando do ex-ministro da Justiça do presidente derrotado nas urnas, com a participação de "patriotas" que se deslocaram para Brasília em caravanas organizadas por bolsonaristas e apoio público de parlamentares bolsonaristas.

"Aí dá a quebradeira, o golpe não deu certo, e eles dizem 'não, nós somos as vítimas'. É a projeção política em estado puro. Agora, você fazer projeção para rede social, no WhatsApp, isso pode até funcionar, porque você fala sozinho. Agora, fazer projeção e sustentar numa CPMI, aí é que eu quero ver", desafiou.

CPMI vai desmascarar muita gente

O deputado paulista comentou que mudou de ideia sobre a CPMI. A princípio, explicou, ele considerava a comissão inútil porque daria voz para teorias delirantes em lugar de discutir os temas importantes para o país, como reforma tributária, geração de emprego, desenvolvimento e reconstrução do Brasil.

Agora, Boulos avalia que o trabalho do colegiado vai ser positivo porque vai desmascarar muita gente. Ele disse que está ansioso pela convocação de vários nomes do bolsonarismo. Como do ex-presidente Jair Bolsonaro para explicar os encontros com o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, preso desde 14 de fevereiro por envolvimento nos atos de 8 de janeiro e que também pode ser convocado pela CPMI; e do vereador carioca Carlos Bolsonaro, filho 03 do ex-mandatário.

"Estou gostando dessa CPMI e acho que ela vai ajudar a sepultar de uma vez por todas os golpistas que ainda existem no parlamento brasileiro", afirmou.

Pautas importantes para a classe trabalhadora

Boulos destacou também outros itens em debate na sessão desta quarta-feira do Congresso, a primeira da atual legislatura: a proposta que cria o piso salarial da enfermagem e a que concede reajuste para os servidores públicos federais.

Confira o vídeo com a fala de Guilherme Boulos