JOIAS DAS ARÁBIAS

Veja o documento enviado pelo coronel ‘amigo’ de Bolsonaro para liberar joias

Ofício assinado por Mauro César Cid, acusado de envolvimento em outras ilegalidades com o ex-presidente, cobrava da Receita a devolução do “tesouro” de R$ 16,5 milhões

Créditos: PR
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O blog da jornalista Andréia Sadi, da GloboNews e do g1, teve acesso a um documento enviado à Receita Federal, assinado pelo tenente-coronel Mauro César Cid, o então chefe da Ajudância de Ordens da Presidência da República e considerado o “grande amigo” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante seu mandato, no qual o militar exige a liberação do estojo de joias avaliado em R$ 16,5 milhões que foi “dado de presente” para o então ocupante do Palácio do Planalto e para sua esposa, Michelle, pelo governo da Arábia Saudita.

O “tesouro” foi descoberto e apreendido pela Alfândega do Aeroporto de Guarulhos na mochila de um sargento da Marinha, assessor do ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que tentava entrar com o “mimo” milionário de forma ilegal no país, para entregar ao antigo chefe do Executivo federal.

No ofício, Cid dirige-se ao então secretário da Receita Federal, Julio Cesar Vieira Gomes, posto máximo do órgão aduaneiro, e afirma que aquele é um documento em que pede a “incorporação” dos bens descritos, explicando que eles foram “ofertados” a Bolsonaro. Após os “rodeios” no texto, o tenente-coronel diz que “autoriza” o sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva a retirá-los, como se tivesse algum poder para obrigar a Alfândega a descumprir suas normativas.

Veja o documento:

Documento pedindo a liberação das joias para Jair Bolsonaro, assinado pelo ten.cel. Mauro César Cid

A data de assinatura do ofício é 28 de dezembro de 2022. No dia seguinte, 29, um avião da Força Aérea Brasileira, pago com dinheiro público, decolou de Brasília com destino a São Paulo para levar o marinheiro subordinado a Cid ao local onde a apreensão tinha sido realizada mais de um ano antes, com a “obrigação” de voltar com as joias e entregá-las a Bolsonaro.

No entanto, a viagem foi perdida. O servidor federal Marco Antônio Lopes Santanna não cedeu às pressões de caráter ilegal do Planalto e se recusou a devolver o estojo com as peças de ouro e diamantes, explicando ao emissário bolsonarista que isso só ocorreria se uma guia específica de liberação, mostrando a quitação do valor da multa e dos impostos, fosse apresentada.