A absurda história de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou de todas as formas ficar com um estojo de joias avaliadas em R$ 16,5 milhões, “dado” pelo governo da Arábia Saudita para “presentear” sua esposa, Michelle Bolsonaro, inclusive movendo três ministérios, militares de alto escalão e pressionando até o chefe da Receita Federal, já que o órgão confiscou o “tesouro” quando um assessor da Marinha que auxiliava o ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, foi flagrado no Aeroporto de Guarulhos, não para de piorar.
A escandalosa denúncia, eivada de provas e testemunhos contundentes, publicada na sexta-feira (3) pelo jornal O Estado de S. Paulo, no entanto, deixou de frisar um ponto que agora veio à tona no episódio: Jair Bolsonaro e a mulher, Michelle, sequer estavam na viagem oficial feita pela comitiva do governo brasileiro a Riad, capital saudita, que transcorreu de 22 a 25 de outubro de 2021, e o “presente” valiosíssimo foi entregue ao ministro Bento Albuquerque para que ele o transportasse ao Brasil e o passasse pessoalmente às mãos do ocupante do Palácio do Planalto.
Para complicar ainda mais a situação do ex-mandatário, que tem todas os seus desmandos e maracutaias revelados após o fim de seu mandato, o jornal carioca O Globo revelou neste sábado (4) que no dia que Bento Albuquerque recebeu o estojo milionário em Riad, na Arábia Saudita, 25 de outubro de 2021, o então presidente Jair Bolsonaro fez uma visita ao embaixador daquela nação árabe em Brasília, onde almoçou e posou para foto com o embaixador Ali Abdullah Bahittan.
Neste sábado (4), falando brevemente à CNN Brasil, Bolsonaro, talvez de uma forma como jamais tenha feito, subestimou a inteligência dos brasileiros com um jogo de palavras infantil para negar o grave crime a ele imputado, inclusive misturando o assunto com fatos sem qualquer ligação com a denúncia.
“Estou sendo acusado de um presente que eu não pedi, nem recebi. Não existe qualquer ilegalidade da minha parte. Nunca pratiquei ilegalidade. Veja o meu cartão corporativo pessoal. Nunca saquei, nem paguei nenhum centavo nesse cartão”, disse o ex-presidente.
Ninguém, no entanto, disse que Bolsonaro “pediu” o presente milionário, e tampouco está em causa se ele e sua esposa eram os beneficiados pelo "presente", já que isso é um fato comprovado por seu próprio ministro, pelo cerimonial de Estado do Planalto e pela própria apreensão do material pela Alfândega, no Aeroporto de Guarulhos.
Sobre o cartão corporativo, esse é um outro escândalo em que ele segue bastante enrolado, mas que nada tem a ver com o crime de tentar se apossar de joias de R$ 16,5 milhões que seriam do Estado brasileiro, apontado pela reportagem do Estadão.