O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, compareceu na tarde desta terça-feira (28) para prestar esclarecimentos na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. O convite surgiu após a gritaria da extrema direita, alimentada pelas fake news espalhadas pelo bolsonarismo, de que o governo tinha envolvimento nos atos terroristas praticados pelos próprios bolsonaristas em 8 de janeiro. No entanto, um outro episódio motivou a convocação histérica proposta pela oposição: a narrativa absurda pulverizada nas redes de que Dino teria “se reunido com líderes do Comando Vermelho” no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, no início deste mês, após o chefe da pasta ter sido filmado entrando com sua comitiva na favela, onde tinha um encontro com moradores locais e cumpria agenda oficial, inclusive com notificação a todas as autoridades policiais fluminenses.
Furioso, Dino começou falando da criminalização dos pobres e lembro que em época de eleição aqueles deputados ali presentes não agem assim, pois precisam de votos.
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“As senhoras e os senhores, sem exceção, e eu também, todo mundo lembra de ir nas favelas e nas periferias... E ninguém pergunta se ali há crime organizado ou não... Mas agora, o que se verifica, é a tentativa vil de criminalizar não o ministro da Justiça, mas de criminalizar aquela população, e com isso eu não posso concordar... Em relação às pessoas indefesas, como se todos fossem criminosos, e não são! Isso é um preconceito contra as pessoas mais pobres do país... Preconceito contra quem mora em bairro popular, e eu tenho a obrigação, como ministro da Justiça e Segurança Pública, de reagir contra esses ataques a essas pessoas, a esses cidadãos e essas cidadãs do nosso país”, disparou o ministro.
Na sequência, o ex-governador do Maranhão e homem de confiança do presidente Lula (PT) explicou passo a passo como foi sua passagem pela Maré, inclusive como se dá a burocracia para uma visita do tipo, esclarecendo o quanto é absurda a versão inventada pelos bolsonaristas.
“Eu recebi um convite escrito (para comparecer à CCJ)... E vi espantado que eu havia sido convidado pelo Comando Vermelho... Ora, eu publiquei a foto da reunião, as pessoas ali estão, e nós temos a seguinte situação: é uma reunião pública, realizada a 15 metros da avenida Brasil, e previamente comunicada à Polícia Civil do Rio de Janeiro, à Polícia Militar do Rio de Janeiro, ao Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, à Polícia Federal, à Polícia Rodoviária Federal... Era uma reunião com o Comando Vermelho... As senhoras e os senhores, pelo amor de Nosso Senhor Jesus Cristo, não ponham em suspeição o secretário da Polícia Civil do Rio de Janeiro, que eu nem conheço... Não ponham em suspeição o secretário da Polícia Militar do Rio de Janeiro, porque o Ministério da Justiça encaminhou ofício a eles... Três ou quatro dias antes, e eu considero a essas alturas, me perdoem, algo esdrúxulo imaginar que eu fui me reunir com o Comando Vermelho e avisei à polícia... É preciso ter seriedade no debate público”, falou.
Dino ainda pediu desculpas por ter esquecido de fazer uma coisa e aproveitou para, a partir de agora, convidar todos os parlamentares a acompanhá-lo.
“Eu aproveito pra dizer que eu cometi um erro e quero pedir desculpas... Na próxima eu vou convidar os deputados federais e as deputadas federais para irem comigo, porque eu quero crer que não é todo mundo que tem medo das comunidades mais pobres do Brasil... E que com certeza muitos irão me acompanhar... Assim creio”, finalizou o ministro.