No auge da "lua de mel" vivida entre o lavajatismo e o bolsonarismo, em 2020, a atual deputada federal Rosângela Wolff Moro (União-PR), afirmou em entrevista ao Estadão que via o marido, o então "super" ministro da Justiça Sergio Moro (União-PR) e Jair Bolsonaro (PL) como "uma coisa só".
Tempos depois, o enlace foi desfeito com Moro acusando Bolsonaro de traição ao lavajatismo em uma suposta interferência na Polícia Federal que, assim como nas acusações contra Lula, o ex-juiz nunca conseguiu provar.
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O ódio contra Lula fez Moro e Bolsonaro se unirem novamente no segundo turno das eleições de 2022, quando o ex-ministro surgiu ao lado do ex-chefe durante debate na TV.
Lula tornou-se presidente. Bolsonaro e Moro, eleito senador, submergiram no mundo político até o ex-juiz posar de vítima no caso PCC na última semana e voltar aos braços da mídia liberal - que busca blindar a polítíca econômica neoliberal de Roberto Campos Neto no Banco Central.
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Como uma coisa só, Bolsonaro tenta emergir juntamente com o vitimismo que levou Moro de volta às manchetes e vê uma janela de oportunidade para voltar ao Brasil sem ser preso ou desprezado até por ex-aliados.
Nas redes e grupos de WhatsApp, o ex-presidente tenta pegar carona e refaz a dobradinha com Moro para criar factóides sobre uma mentirosa relação entre PCC e PT, uma das narrativas mais antigas da extrema-direita no país.
Na quarta-feira (22), Bolsonaro soltou um tuite levantando ilações e colocando o próprio nome como vítima de um sistema que, segundo a narrativa dele, começou em 2002 com o prefeito petista Celso Daniel.
"Em 2002 Celso Daniel, em 2018 Jair Bolsonaro e agora Sérgio Moro. Tudo não pode ser só coincidência. O Poder absoluto a qualquer preço sempre foi o objetivo da esquerda", escreveu Bolsonaro quatro horas após Moro se colocar como vítima durante a operação da PF que estava nas ruas.
Unido a Moro, Bolsonaro encontrou a janela de oportunidades também para tentar ecoar sua narrativa sobre a relação do PT com a facção criminosa, que é alimentada pela mídia liberal.
Neste sábado (25), após Moro fazer ilações sobre um endereço de e-mail "lulalivre1063" que faria parte das investigações e que foi divulgado pelo Estadão, Bolsonaro foi às redes e aos grupos de Telegram fazer coro, citando a facada nas eleições de 2018.
"Lula também não acreditou na facada em Bolsonaro", diz a imagem divulgada nos stories do Instagram, que remete ao perfil do ex-presidente no Telegram.
Na rede privada, Bolsonaro resgatou uma entrevista de Lula ainda na prisão da Superintendência da PF em Curitiba em que o atual presidente diz considerar "estranha" e "suspeita" a facada "em que não aparece sangue em nenhum momento".
"Agora, segundo a própria PF, o PCC volta à cena do crime com o plano de executar Moro. Lula continua desacreditando a PF nas ações contra o PCC", escreveu o ex-presidente aos radicais, posando de vítima e buscando ressuscitar, mais uma vez, o caso Adélio.