Em coletiva de imprensa na tarde desta quarta-feira (22), o ministro da Justiça, Flávio Dino, colocou os "pingos nos is" com relação à operação da Polícia Federal que, mais cedo, desbaratou um plano da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) que consistia em atacar autoridades e policiais, entre eles o ex-juiz e hoje senador Sergio Moro (UB-PR).
Segundo a PF, foram cumpridos 24 mandados de busca e apreensão e 11 de prisão em São Paulo, Paraná, Rondônia e Mato Grosso do Sul, sendo que 9 já foram presos. A corporação trabalha nesta investigação desde janeiro.
Te podría interesar
Ajude a financiar o documentário da Fórum Filmes sobre os atos golpistas de 8 de janeiro. Clique em http://tiny.cc/obj5vz e escolha o valor que puder ou faça uma doação pela nossa chave: pix@revistaforum.com.br
Apesar de ter sido sob o governo Lula e sob o comando de Flávio Dino no Ministério da Justiça que a PF deflagrou a operação, a extrema direita vem tentado associar o planejamento do PCC de atacar Moro ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela fala, feita em entrevista na terça-feira (21), dando conta de que, quando estava preso, dizia que só ficaria bem após "foder" o ex-juiz.
O próprio Moro, que já sabia das investigações da PF contra a organização criminosa que planejava o atacar, tentou, indiretamente, associar Lula ao caso, antes mesmo da operação policial vir à tona. Em entrevista à CNN na noite de terça-feira (21), disse que a declaração de Lula rememorando seus tempos de prisão "gera risco" para ele e sua família.
Para Flávio Dino, esse tipo de ilação parte de pessoas "irresponsáveis" que "tentam escapar de suas próprias responsabilidades" e "levar o debate político brasileiro ao nível da lama".
Segundo o ministro da Justiça, a operação da PF mostra que, apesar das diferenças políticas, o atual governo protegeu o ex-juiz.
"Nós não aceitamos isso. O que o presidente Lula fez, faz e fará, e o que eu faço e farei, é a crítica técnica e política a esse senhor que foi magistrado e hoje é senador, como ele faz a nós também. Mas o que nós fizemos foi, cumprindo a lei, proteger a vida do nosso adversário. É importante ter isso claro. Se nós não tivéssemos agido, aí sim, poderia haver alguma ilação", declarou o ministro.
"A Polícia Federal agiu de modo exemplar e faço questão de assinalar que foi uma decisão da direção da PF atuar de forma exemplar. Por isso quero dizer que é repugnante a ação política dessa extrema direita desvairada, aloprada, querendo nesse momento desqualificar o trabalho sério da PF que deve, na verdade, ser homenageada. Trabalho esse que salvou a vida, graças a Deus, do senador Sergio Moro", prosseguiu Dino.
Operação da PF
A Polícia Federal anunciou as primeiras ações da operação Sequaz, desencadeada na manhã desta quarta-feira (22), contra membros do Primeiro Comando da Capital, o PCC, que tinham como objetivo desencadear uma série de ataques em todo o território nacional contra agentes da polícia e autoridades. O senador Sergio Moro (UB-PR) era um dos alvos, segundo informações divulgadas pelo próprio parlamentar no Twitter.
Segundo o ministro da Justiça, Flávio Dino, o PCC planejava uma ação nacional, que tinha como alvo, além de Moro, um comandante da polícia militar, além de agentes da corporação.
Ao menos seis pessoas já foram presas na região de Campinas, no interior de São Paulo. A polícia cumpre, no total, 11 mandados de prisão em São Paulo, Paraná, Rondônia, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul, além de 24 mandados de busca e apreensão.
Em São Paulo, a PF cumpre diligência em Americana, Sumaré, Hortolândia,
Santa Bárbara d'Oeste, Nova Odessa, São Bernardo do Campo, Diadema, Guarujá e Andradina.
Além de armamentos, cofres com dinheiro, carros e motos de luxo foram apreendidos. Em um dos endereços, a PF encontrou um bunker, que serviria provavelmente para a realização de sequestros.
Segundo os investigadores, o plano do PCC era em retaliação a uma portaria do governo que proibia visitas íntimas em presídios federais, além do pacote anticrime, proposto por Moro quando era ministro da Justiça, que fez com que muitos membros da facção fossem transferidos para presídios federais.
Ainda segundo a PF, o PCC alugou chácaras, casas e até um escritório ao lado de endereços de Sergio Moro, que ainda teve a família monitorada pela quadrilha.
De acordo com as investigações, os ataques poderiam ocorrer de forma simultânea, e os principais investigados se encontravam nos estados de São Paulo e Paraná.