"PESSOAS DE BEM"

VÍDEO - Estupro, tráfico de drogas, prostituição: os crimes no acampamento golpista, segundo coronel da PMDF

Além do crime contra o Estado Democrático de Direito, bolsonaristas que acamparam em frente ao QG do Exército em Brasília cometeram outros delitos, revelados por ex-comandante da PM em CPI

Acampamento golpista em Brasília teve relatos de estupro, tráfico de drogas e prostituição, diz ex-comandante da PMDF.Créditos: Agência Brasil/Reprodução
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Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos na Câmara Distrital do Distrito Federal, nesta quinta-feira (16), o coronel e ex-comandante de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal, Jorge Eduardo Naime, relatou uma série de crimes que teriam sido cometidos por apoiadores de Jair Bolsonaro que participaram no acampamento golpista em frente ao Quartel General (QG) do Exército em Brasília. 

Além de atentarem contra o Estado Democrático de Direito por organizarem um levante terrorista contra as sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023, alguns dos apoiadores de Jair Bolsonaro que frequentavam o acampamento, segundo Naime, teriam cometido delitos como os de estupro e tráfico de drogas. No local já houve relatos, inclusive, de prostituição

"Eu estive várias vezes naquele acampamento, eles realmente viviam numa bolha ali dentro, só consumiam informações em grupos e no que era falado naquele carro de som (...) Parecia uma seita. Ali, realmente, foi o epicentro [dos atos golpistas]. Chegou ao absurdo de eu receber um dia, um líder chamado Renan Sena, que fez um vídeo, colocou nas redes sociais, acusando um outro líder de ter cometido estupro dentro do acampamento", revelou o coronel. 

"Eu falei desse vídeo, mostrei em uma das reuniões que tivemos no Exército. A gente já tinha informações de tráfico de drogas, de ambulante, de prostituição. Teve o vídeo que apareceu de denúncia de estupro. Não foi uma ou duas vezes, eu botei 500 homens à disposição do Exército no dia 29/12 pra retirar aquele acampamento definitivamente. E a operação foi cancelada", detalhou ainda. 

Assista ao trecho do depoimento 

Extraterrestres

O coronel Naime, que é acusado de ter feito uma espécie de “vista grossa” para os bolsonaristas – ele chegou a ser preso na quinta fase da Operação Lesa Pátria, relatou ainda outras situações - estas bizarras - envolvendo o acampamento golpista, como os relatos sobre "extraterrestres" que ajudariam os militares a tomarem o poder

“Aquele pessoal do acampamento vivia em um mundo paralelo. Eu estive algumas vezes no acampamento, conversei com algumas pessoas e escutei relatos, assim, que falei: ‘Cara, não é possível que essa pessoa está me falando isso’. Teve um que me abordou e falou para mim que ele era um extraterrestre, que estava ali infiltrado e que assim que o Exército tomasse o poder, os extraterrestres iriam ajudá-lo”, declarou. 

Além do suposto alienígena, o coronel também revelou a atuação de uma ‘Máfia do Pix’ no acampamento golpista. Comércios ilegais funcionavam em tendas alugadas a R$ 600 por dia para vendedores ambulantes e o esquema era controlada por lideranças da militância bolsonarista. “Não temos os nomes dessas pessoas mas elas ficavam no acampamento e era o tempo inteiro pedindo para as pessoas enviarem Pix a fim de manter a mobilização”, revelou.

Na última quarta-feira (15), a CPI dos Atos Antidemocráticos aprovou a convocação do general Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) de Bolsonaro. Ele é citado por uma série de golpistas investigados como um agitador das mobilizações bolsonaristas. A Fórum tem trazido uma série de reportagens de uma fonte da Polícia Federal que acusa o general de estar por trás dos ataques, juntamente com o GSI, então comandado por ele.