“MUNDO PARALELO”

‘Extraterrestre infiltrado’, máfia do Pix e confusão: As revelações de coronel da PMDF sobre acampamento golpista

O coronel e ex-comandante de Operações da PMDF, Jorge Eduardo Naime, prestou depoimento à CPI dos Atos Antidemocráticos, na Câmara Distrital em Brasília

Jorge Eduardo Naime, coronel da PMDF em depoimento à CPI dos Atos Antidemocráticos.‘Extraterrestre infiltrado’, máfia do Pix e confusão: As revelações de coronel da PMDF sobre acampamento golpistaCréditos: TV Câmara Distrital
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O coronel e ex-comandante de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal, Jorge Eduardo Naime, prestou depoimento nesta quinta-feira (16) à CPI dos Atos Antidemocráticos, na Câmara Distrital (DF), para dar a sua versão dos fatos acerca das mobilizações bolsonaristas ocorridas em acampamento no Quartel General do Exército, em Brasília, que escalaram em 8 de janeiro para os ataques às sedes dos Três Poderes.

Naime é acusado de ter participado do planejamento dos atos e feito uma espécie de “vista grossa” para os bolsonaristas – ele chegou a ser preso na quinta fase da Operação Lesa Pátria. De folga na data dos ataques, um outro coronel da PMDF alega tê-lo visto auxiliando a multidão que atacava os prédios na Praça dos Três Poderes. Ele nega as acusações e afirma que de acordo com informações obtidas pela PM não havia previsão de tumulto na data. Ainda assim, diz estranhar o fato de que só havia 200 policiais militares, a maioria ainda alunos dos cursos de formação, destacados para a segurança da região.

Durante o depoimento, explicou que tanto ele, como outros colegas, atarefados com uma série de eventos que ocorreram ao logo do segundo semestre de 2022, adiaram férias para o início do presente ano. Em meio a essa explicação, o coronel revelou algumas das suas idas ao acampamento golpista.

“Aquele pessoal do acampamento vivia em um mundo paralelo. Eu estive algumas vezes no acampamento, conversei com algumas pessoas e escutei relatos, assim, que falei: ‘Cara, não é possível que essa pessoa está me falando isso’. Teve um que me abordou e falou para mim que ele era um extraterrestre, que estava ali infiltrado e que assim que o Exército tomasse o poder, os extraterrestres iriam ajudá-lo”, declarou, ainda incrédulo. Na sequência, arriscou uma explicação: “Eles só consumiam informações deles próprios, era só o que era falado no carro de som, estavam em uma bolha”.

Além do suposto alienígena, o coronel também revelou a atuação de uma ‘Máfia do Pix’ no acampamento golpista. Comércios ilegais funcionavam em tendas alugadas a R$ 600 por dia para vendedores ambulantes e o esquema era controlada por lideranças da militância bolsonarista. “Não temos os nomes dessas pessoas mas elas ficavam no acampamento e era o tempo inteiro pedindo para as pessoas enviarem Pix a fim de manter a mobilização”, revelou.

Por fim, o policial revelou uma confusão, no próprio dia 8 de janeiro, entre os bolsonaristas acampados. Uma parte, a que supostamente controlava a dita ‘Máfia do Pix’, queria permanecer no local, enquanto um outro setor planejava dirigir-se à Esplanada dos Ministérios.

Na última quarta-feira (15), a CPI dos Atos Antidemocráticos aprovou a convocação do general Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) de Bolsonaro. Ele é citado por uma série de golpistas investigados como um agitador das mobilizações bolsonaristas. A Revista Fórum tem trazido uma série de reportagens de uma fonte da Polícia Federal que acusa o general de estar por trás dos ataques, juntamente com o GSI, então comandado por ele.