O professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) Daniel Cara reforçou que a Reforma do Ensino Médio não é “adaptável”, em entrevista ao Fórum Onze e Meia desta segunda-feira (13).
O pesquisador e ativista revelou detalhes das negociações que envolvem a implementação do novo modelo de ensino, que foi proposto e aprovado durante o governo Temer.
Te podría interesar
A Reforma do Ensino Médio é amplamente criticada por profissionais da educação, sindicatos e ativistas por reduzir a oferta de ensino de ciências humanas e ciências da natureza para os alunos, em especial, de escolas públicas.
“Não vai ter médico da periferia. Há escolas nas periferias de São Paulo, das grandes capitais, que não estão oferecendo o itinerário de Ciências da Natureza”, explica o pesquisador. “A reforma é uma falta de fé no povo brasileiro.”
Te podría interesar
O governo Lula poderia revogar a reforma, mas o ministro da Educação, Camilo Santana (PT-CE), tem sido reticente sobre o tema. O chefe da pasta chegou a prorrogar algumas fases da implementação do Ensino Médio, mas manteve a maior parte do calendário do governo Bolsonaro para o tema. Depois, Santana voltou atrás na prorrogação.
"Não consigo acreditar que o ministério esteja sendo comandado por um ex-governador tão frágil que não pode esclarecer sua proposta para a área”, disse Daniel Cara. “Me surpreende a postura do governo, que está fechado para a questão", completou o professor, que exige a revogação da portaria.
O professor da USP ainda elogiou o governo por medidas no campo educacional, como a revisão do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que não era alterado desde o governo Dilma.
Contudo, ele reforçou que a revogação do Novo Ensino Médio é essencial e que irá pressionar o governo. "Se não for possível dialogar com o Ministério da Educação, a gente vai para a sociedade, para o debate público. Isso é inerente à democracia, não existe ônus para isso. Pelo contrário, isso é positivo", explica.
Confira a entrevista completa no Fórum Onze e Meia: