TERROR GOLPISTA

Fonte da Fórum que denunciou envolvimento do GSI nos dias 12/12 e 8/1 agora é notícia na mídia

Policial federal que estava no Palácio do Planalto durante os ataques denuncia em depoimento que bolsonaristas militares ajudaram golpistas a fugir do Planalto, informação que já havia sido adiantada pela Fórum

Ataques bolsonaristas a Brasília em 8 de janeiro.8 de Janeiro: Testemunha afirma que militares ajudaram golpistas a fugir do PlanaltoCréditos: Agencia Brasil
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Um servidor da Policia Federal que testemunhou os ataques bolsonaristas ao Palácio do Planalto em 8 de janeiro afirmou, em depoimento à própria PF, que viu o momento em que militares do Exército escoltaram os terroristas apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro até uma saída de emergência do edifício, auxiliando-os na fuga após realizada a depredação completa do local.

Este servidor é a fonte da Fórum que já havia denunciado com exclusividade, em 13 de dezembro, o envolvimento do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), à época chefiado pelo general Augusto Heleno, com os atos de terror na noite anterior em Brasília e, depois, com o levante golpista no dia 8 de janeiro de 2023. Agora, meses após a reportagem da Fórum trazer essas informações à tona, o servidor é notícia em outros veículos de mídia, a partir de depoimento que prestou à PF. 

“Um militar orientava a tropa do Batalhão da Guarda Presidencial para fazer um corredor e liberar os manifestantes para saírem pela saída de emergência, para trás do Planalto. ‘Vamos liberar, vamos fazer um corredor’; que vários manifestantes ficavam no local afirmando que o Exército os estava protegendo; que, então, o Choque subiu a rampa para acessar o Planalto; que um dos militares que tentava organizar uma liberação para os invasores se dirigiu à tropa de choque da PMDF, tentando impedi-los de entrar”, diz trecho da transcrição do depoimento, feito em 11 de janeiro. A informação já havia sido adiantada à Fórum por essa própria fonte no dia do ataque

Ele gravou vídeos que comprovam o seu relato e que já estariam nas mãos dos investigadores. O relato do servidor influenciou a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de retirar da Justiça Militar o papel de julgar militares envolvidos no episódio.

A fonte estava de folga, em casa, no dia 8 de janeiro. Ao tomar ciência dos acontecimentos que transcorriam, dirigiu-se ao Palácio do Planalto a fim de averiguar a segurança. Chegando ao local, perto das 16h, se deu conta de que não havia nem mesmo bloqueios para veículos no trajeto ao Palácio e que as guaritas do Batalhão da Guarda Presidencial estavam vazias.

Às 4 e meia da tarde, o servidor relata que já havia policiamento. No entanto, ao encontrar 6 homens com equipamentos antidistúrbio na porta do Planalto – um deles sendo atendido por socorristas – perguntou quem estaria no comando e eles não conseguiram dar uma resposta. Em seguida, no túnel do anexo 2, geralmente guardado por homens do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), encontrou o local abandonado e com as catracas liberadas.

Logo depois, ao deparar-se com os invasores, relatou que os golpistas faziam fotografias e percorriam o Palácio enquanto os militares do BGP e policiais antidistúrbios apenas observavam, quando não interagiam com os bolsonaristas. “A tropa do BGP assistia a tudo pacificamente”, disse.

Nem com a chegada de um contingente maior de homens do BGP às 17h os bolsonaristas perderam a vergonha. “Manifestantes entravam e saiam, subiam e desciam os andares livremente”, relatou.

Segundo o servidor, foi a Polícia Militar do Distrito Federal, com um contingente menor que o do BGP, quem retomou o controle da situação. “A segurança do Planalto estava desmobilizada naquele dia, não havia comando, militares com escudos ficavam apenas parados e os demais, fardados ou com coletes do GSI, apenas circulavam pelo local e conversaram com manifestantes”, concluiu.