EDITORIAL

Fórum mostrou “contaminação” do GSI há um mês, mas resto da imprensa calou

Demonstrando “surpresa”, outros veículos já sabiam das denúncias, inclusive feitas por uma fonte exclusiva lotada no Planalto. Preferiram o silêncio e agora dão notícia velha

Escrito en OPINIÃO el

O desenrolar das investigações sobre os ataques terroristas levados a cabo em Brasília por extremistas bolsonaristas no último domingo (8), sobretudo no que tange as “descobertas” sobre uma omissão ou conivência de integrantes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e de militares do Exército, nomeadamente aqueles que formam o Batalhão de Guarda Presidencial (BGP), tem feito a imprensa reverberar uma espécie de “novidade” no âmbito dessas apurações, noticiada aos quatro cantos como “fato novo”.

A Fórum, desde 13 de dezembro, vem trazendo periodicamente informações que denunciam esses fatos, reportados de forma exclusiva por uma fonte da Polícia Federal que é lotada no Palácio do Planalto. Horas após os ataques de 12 de dezembro, quando a sede da PF e uma delegacia da PCDF sofreram tentativas de invasão e a capital federal transformou-se num mar de carros e ônibus queimados, nossa reportagem já trazia dados exclusivos mostrando que agentes do GSI tinham participação direta nesses eventos criminosos de sublevação e sedição, bem como as unidades de policiamento ordinário da Polícia Militar do Distrito Federal.

Em linhas gerais, os veículos da chamada “grande imprensa”, assim como a maior parte da mídia independente, ignoraram a reportagem e fizeram ouvidos moucos. A razão para isso não se sabe, mas talvez se suspeite, ainda que não caiba aqui fazer ilações sobre o que se passa nessas redações.

Após uma negativa da Presidência da República ainda sob a batuta de Jair Bolsonaro em reconhecer a autenticidade de nossa fonte, num episódio em que o próprio general Augusto Heleno publicou uma nota descredibilizando a reportagem, recheada de ameaças veladas ao repórter que a produziu, a fonte lotada no Planalto transmitiu em tempo real uma reunião fechada de dentro do Anexo I daquele palácio, para comprovar sua existência e a veracidade das informações passadas. Só que nada disso foi suficiente para que sua denúncia fosse repercutida por outros veículos.

Na ocasião em que um grupo de terroristas implantou uma bomba num caminhão com 60 mil litros de querosene, com o intuito de explodir o aeroporto de Brasília, o mesmo servidor informou a organização do infame ato insano por parte do mesmo aparato de Inteligência do então governo sainte. A meticulosidade técnica e as informações precisas mostravam que a Fórum, mais uma vez, noticiava material confiável e de extrema gravidade, que seguiu sendo ignorado e não repercutido.

As informações eram claras, objetivas, verossímeis e cercadas de dados técnicos e precisos que corroboravam e provavam a versão trazida desde o início por essa fonte instalada no núcleo nervoso do poder político nacional. Precisou, então, que um evento de dimensões colossais, como a invasão do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF), ocorresse para que nossa fonte reportasse ao vivo, com imagens, durante uma transmissão extraordinária da TV Fórum, toda a ação eivada de conivência e de “bom-mocismo” por parte dos elementos militares que faziam a segurança daquele local. Estava, fundamentalmente, comprovada sua existência e a veracidade de tudo aquilo que era reportado à Fórum havia quase um mês.

Surpreendentemente, as imagens disponibilizadas pela Fórum de dentro do Palácio do Planalto, em tempo real, com ações policiais e militares em pleno curso contra terroristas, não foram suficientes para que a maior parte dos veículos de imprensa brasileiros estivesse convencida da participação do GSI e de outros militares nos intentos golpistas em curso no país. A fonte informa há quase uma semana que vários integrantes do antigo GSI bolsonarista seguiam lotadas nos mesmos locais, ainda que o governo tivesse sido trocado, servindo como “espiões” e “sabotadores” da nova gestão. Ou seja, elementos-chaves nesse processo criminoso de levante contra as instituições democráticas, artífices do golpismo.

Foi também trazido à tona, ao vivo, durante a transmissão do Fórum Onze e Meia da última segunda (9), que integrantes desse mesmo GSI teriam discutido calorosamente com peritos e outros agentes da PF dentro do Planalto, no auge da baderna ignominiosa produzida pelos bolsonaristas, quando perícias precisavam ser realizadas e foram dificultadas, ou questionadas, por militares.

Agora, diante da investigação aberta pelas mais diferentes instituições de Estado para apurar essas condutas, e que inequivocamente desembocaram nos fatos que já havíamos revelado e reportado, as redações passam a divulgar algo já dito e tornado público com evidências, o que soa tão apenas como “notícia velha” e uma tentativa de “reinvenção da roda”.

Se as informações trazidas pela Fórum tivessem recebido a devida repercussão que mereciam, talvez os intentos golpistas, desde o segundo episódio, envolvendo o caminhão-tanque, tivessem sido evitados e não se desdobrariam para a alucinada invasão das sedes dos três poderes e para a tal minuta golpista do ex-ministro Anderson Torres, que tentava sacramentar uma ditadura de tutela militar no Brasil.