A presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), usou as redes sociais neste domingo (5) para rebater editorial do jornal Folha de S. Paulo sobre declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a taxa de juros de 13,75% imposta pelo Banco Central.
No texto não assinado, o periódico paulistano afirma que Lula indicou "de modo vago e grosseiro" que pretenderia rever a autonomia do Banco Central e, de forma indireta, demonstrou apoio à política econômica encampada nos últimos 4 anos por Jair Bolsonaro e Paulo Guedes.
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O jornal se baseou, para fazer as críticas, na entrevista concedida por Lula ao jornalista Kennedy Alencar na última quinta-feira (2). Na ocasião, o mandatário questionou a autonomia do Banco Central, relembrando que, durante seus governos, o então presidente da instituição, Henrique Meirelles, teve liberdade total mesmo sem uma lei, como existe hoje, que prevê independência.
"O que acontece é que a gente conversava. Esse país está dando certo? Esse país está crescendo? O povo está melhorando de vida? Não. Então, eu quero saber de que serviu a independência. Eu vou esperar esse cidadão [Roberto Campos Neto, presidente do BC] terminar o mandato dele para a gente fazer uma avaliação do que significou o Banco Central independente", havia declarado Lula.
Sobre a taxa de juros, o presidente afirmou: "Eu vou fazer uma reunião com empresários, com bancos, pra gente discutir com muita seriedade a taxa de juros nesse país. Não existe nenhuma razão para a taxa de juros estar em 13,75%. Nenhuma razão".
"E por que qualquer perspectiva de voltar a aumentar se não temos inflação de demanda? Porque quando você aumenta os juros, a verdade é que você está em uma subida de preço muito grande porque as pessoas estão comprando muito, comprando em excesso, então você tem que frear. Aí você aumenta a taxa de juros. Mas não é isso que tá acontecendo no Brasil, o Brasil precisa voltar a crescer. Nós vamos começar a cobrar", prosseguiu.
A Folha não gostou. Para o jornal, Lula quer "reviver uma mítica era dourada" e suas declarações sobre o assunto são uma "retórica palanqueira" que vai gerar "tumulto e incerteza".
Em resposta, Gleisi Hoffman destacou que, na mesma edição em que publicou o editorial, o jornal trouxe análises de e economistas conservadores e até mesmo da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) em crítica ao que chamou de "indecente taxa de juros" do Banco Central.
"A Folha parece ter esquecido que Lula foi eleito para reconstruir o Brasil, com crescimento, emprego e oportunidades. A política monetária de Bolsonaro, Guedes e BC foi derrotada nas eleições, porque fez o país andar pra trás. Lula tem plano sim, muito claro: virar essa página", escreveu Gleisi.
"Para o jornal, todos podem debater os rumos da economia, menos o presidente que foi eleito para conduzir o país com a maior carga de responsabilidade. A Folha continua tratando Lula com o preconceito da casa grande", emendou ainda a dirigente partidária.
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