Em entrevista a Renato Rovai e Dri Delorenzo no Fórum Onze e Meia desta sexta-feira (3), o jurista Pedro Serrano, professor de Direito Constitucional da PUC-SP, defendeu a prisão de todos os envolvidos caso a denúncia feita pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES) sobre um golpe tramado juntamente com Jair Bolsonaro (PL) e o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) - que já está preso - seja fruto de uma armação.
"Ontem eu dei uma entrevista na BandNews falando contra a prisão preventiva de Bolsonaro. Tinha saído a primeira versão do Do Val e eu falei, por essa versão não dá para prender preventivamente, não. [...] Mas, depois que ele começou a revisar a versão e começou surgir a hipótese dele plantar uma suspeição do ministro [Alexandre de Moraes, do STF], isso quer dizer que pode ter havido uma organização criminosa para prejudicar as investigações. E isso é inegavelmente motivo para prisão preventiva de todos que estiverem envolvidos nisso", avaliou Serrano.
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Na hipótese analisada, Do Val teria divulgado somente agora a reunião com Bolsonaro e Silveira, e seus desdobramentos, para levantar suspeição de Alexandre de Moraes na ação que investiga os atos golpistas, da qual o ministro é relator.
"É difícil alguém ouvir da minha boca legitimação de prisão preventiva de qualquer ser humano. A não ser nessas hipóteses em que há articulação de uma ação para prejudicar as investigações. Nesse caso teria havido a articulação de uma ação para tornar impedido o juiz que está comandando a investigação. E isso, sim, é uma forma concreta de atrapalhar as investigações, o que para mim é um dos poucos caminhos que existem para legitimar a prisão preventiva", emendou Serrano.
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"Golpe Tabajara"
Durante evento organizado pela Lide nesta sexta-feira, Moraes classificou a denúncia de Moraes como "tentativa Tabajara de golpe" e revelou detalhes do encontro com Do Val.
"Ele solicitou uma audiência como outros deputados e senadores, eu o recebi no Salão Branco [do Supremo]. Eles tiveram a ideia genial de colocar uma escuta no senador [para grampeá-lo e, a partir dessa gravação, pudesse solicitar minha retirada da presidência dos inquéritos [das fake news e atos antidemocráticos]", disse Moraes.
O ministro afirmou que a Polícia Federal seguirá investigando. "As investigações da Polícia Federal continuarão e vamos analisar a responsabilidade de todos aqueles que se envolveram na tentativa de golpe. Temos informações adiantadíssimas sobre os financiadores, desde o ano passado", revelou.