COMBUSTÍVEL E ENERGIA

Petroleiros questionam indicações de governo Lula para conselho da Petrobras

Nomes ligados ao bolsonarismo, ao mercado financeiro e a favor de privatizações poderão impor obstáculos para o cumprimento de programa do governo Lula, diz a categoria

Sede da Petrobras no Rio de Janeiro.Petroleiros questionam indicações de governo Lula para conselho da PetrobrasCréditos: Fernando Frazão / Agência Brasil
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A Federação Única dos Petroleiros (FUP) soltou uma nota nesta terça-feira (28) em que expressa a preocupação da categoria com as indicações do governo Lula para o novo Conselho de Administração (CA) da Petrobras. O nomes que mais despertam as críticas da categoria são ligados ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG).

Entre os sete membros indicados para o CA da Petrobrás, que incluem o presidente da empresa, Jean Paul Prates, que é também membro do conselho escolhido pelo presidente Lula, quatro são indicação de Silveira: Pietro Adamo Sampaio Mendes, presidente do CA; Carlos Eduardo Turchetto Santos; Vitor Eduardo de Almeida Saback; e Eugênio Tiago Chagas Cordeiro e Teixeira.

“São nomes ligados ao bolsonarismo, ao mercado financeiro e a favor de privatizações. Caso sejam aprovados, no novo CA, poderão impor obstáculos para o cumprimento de programa do governo Lula, que inclui mudanças na política de preços, no sistema de dividendos e fim das privatizações”, afirmou o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar.

Após as indicações, os nomes passam por avaliação de comitê interno da estatal. Se aprovados, serão submetidos à votação da Assembleia Geral Ordinária (AGO) no próximo mês de abril.

“A questão de transparência no processo de indicação também é questionada por nós da FUP, uma vez que o Ministério de Minas e Energia (MME), de forma unilateral, elaborou sua lista de nomes para o CA da Petrobras sem discussão prévia”, completou Bacelar.

Os petroleiros ainda questionam, por meio da sua organização de classe, se Pietro Mendes, atualmente secretário de Petróleo e Gás do MME, se enquadraria na Lei das Estatais. Isto porque ele é funcionário de carreira da Agência Nacional de Petróleo (ANP) e acumula o cargo no Ministério. No passado, foi secretário-adjunto do ex-ministro de Bolsonaro, Adolfo Sachsida.

Outro nome que incomoda a categoria é Eduardo Turchetto, um conhecido empresário do setor de açúcar e álcool. Ele responde a processo em Minas Gerais, por desmatar áreas de Mata Atlântica “sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes ou contrariando normas legais de regulamentos pertinentes”, conforme descrito na própria ação.

Vitor Saback, a terceira indicação de Alexandre Silveira, foi diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) até a segunda quinzena deste mês de fevereiro. Ele chegou ao cargo por indicação do senador bolsonarista Rogério Marinho e atuou anteriormente como assessor especial de Paulo Guedes. Foi um dos articuladores da Reforma da Previdência de Michel Temer. Durante o governo Temer, foi o responsável pela articulação do Planalto com o Congresso.

Por fim, Eugênio Teixeira foi sócio de Cléssio Andrade – vice-governador de Minas Gerais e ex-senador vacinado contra a Covid-19 às escondidas, em garagem – na empresa Aurium Trading Importação e Exportação S/A.

“A atitude se repete na montagem da equipe que está se instalando no MME, desde que o ministro Silveira bancou o nome de Bruno Eustáquio como secretário executivo do Ministério, à revelia do veto da Casa Civil”, diz trecho da note. Eustáquio trabalhou como secretário-adjunto na pasta e como secretário Executivo de Infraestrutura durante o governo Bolsonaro.