Um dos motivos pelos quais o presidente Lula e a primeira-dama Janja da Silva demoraram mais de um mês desde o início do governo para se mudarem definitivamente para o Palácio da Alvorada é o fato de que a residência oficial estava, praticamente, caindo aos pedaços após os 4 anos que Jair Bolsonaro e sua esposa Michelle viveram no local.
No dia 5 de janeiro, Janja levou a jornalista Natuza Nery ao palácio para mostrar a situação. Além de alterar cômodos de maneira deliberada, retirar obras de arte histórica e, inclusive, danificá-las, o ex-presidente e a ex-primeira-dama deixaram inúmeras estruturas e peças quebradas ou sem condições de uso.
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Janja e Lula também constaram algo estranho: no quarto presidencial não havia cama, colchão, tapete e nem mesmo móveis. A situação vem sendo tratada, até o momento, como extravio. Em vez de peças convencionais para um aposento do tipo, foram encontradas coisas, no mínimo, bizarras: um sofá sujo, um cilindro de oxigênio e um cofre de armas.
A situação do Alvorada foi um dos assuntos levantados por Lula pouco antes da entrevista que concedeu à Daniela Lima, da CNN Brasil, nesta quinta-feira (16). A declaração, no entanto, não foi para o ar, já que foi feita pouco antes da gravação, quando os técnicos ainda ajustavam o som.
"Ontem, enquanto estavam ajustando o áudio p a entrevista, Lula falou, em tom indignado, sobre o assunto: Vc não imagina o desleixo, o descaso, a sujeira", relatou Daniela.
Gestão do Alvorada: Michelle deve depor ao MPT
Michelle Bolsonaro e o pastor Francisco de Assis Castelo Branco, que administrava o Palácio da Alvorada no governo de Jair Bolsonaro (PL), estão sendo investigados pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) do Distrito Federal.
A apuração preliminar se refere a acusações de funcionários da presidência contra ambos por assédio moral.
O MPT vai obter mais informações a respeito desses relatos, além de ouvir depoimentos de testemunhas, vítimas e acusados. As denúncias apontam que Michelle destratava os funcionários da presidência que eram escolhidos para auxiliá-la.
Castelo Branco, que era uma espécie de “síndico” do Alvorada, assediava os servidores e fazia ameaças frequentes de demissão, ainda segundo as acusações.
Além disso, o “síndico”, que ficou conhecido como “pastor do capeta” em função da maneira como tratava os subordinados, intimidava servidores ao dizer que suspenderia o lanche de quem questionasse suas ordens. Homem de confiança da família Bolsonaro, ele dizia que agia a mando de Michelle.
“Ele assediava as pessoas e ameaçava de demissão o tempo todo. E dizia que a primeira-dama tinha conhecimento de tudo e autorizava essa postura”, afirmou um dos funcionários entrevistados, de acordo com a coluna de Guilherme Amado, no Metrópoles.