Quando você pensa que já viu de tudo em termos de crueldade e de posições absurdas vindo de bolsonaristas no Congresso Nacional, eis que surge um novo episódio grotesco e detestável por parte de um parlamentar seguidor do ex-presidente da República de extrema direita. Foi exatamente o que aconteceu no início da noite desta terça-feira (5) numa sessão da Câmara Federal.
O deputado Alberto Fraga (PL-DF), policial militar da reserva e ferrenho defensor de Jair Bolsonaro (PL), se indignou com um Projeto de Lei que tramita no parlamento que prevê a criminalização do ato de retirar o preservativo durante uma relação sexual sem o consentimento da parceira ou do parceiro. A lógica é extremamente simples: se um homem tira a camisinha sem dizer nada à pessoa que está fazendo sexo com ele, e esse homem tiver uma infecção sexualmente transmissível (IST), ele transmitirá a moléstia à parceira, ou parceiro, causando prejuízos à saúde daquele indivíduo. Trocando em miúdos, é uma atitude seríssima, criminosa e que põe em risco seres humanos inocentes.
“Senhor presidente, eu ouvi dizer ainda há pouco, que tem um projeto que está para ser incluído na pauta, que diz que, se numa relação sexual, o homem tirar a camisinha, vai ser criminalizado. Eu acho que essa Casa tem mais o que fazer. Se esse é o projeto que estão querendo incluir na pauta, não contem com o PL. Não faz sentido um projeto dessa magnitude com tanta coisa importante... Quer dizer: retira a camisinha, é crime. Eu vou entrar com uma emenda que, se furar a camisinha, é crime. Quer dizer, essa Casa tem que pensar o que é que vai botar na pauta. Eu não acredito nem que a bancada de vossa excelência, os evangélicos, vai aceitar um projeto desse tipo aqui no plenário desta Casa... Por isso, senhor presidente, no PL, é evidente que nós não vamos aceitar esse tipo... Nem acordo para esse tipo de projeto... Peço a compreensão de vossa excelência, muito obrigado”, bradou o deputado bolsonarista.
O 2° vice-presidente da Câmara, que presidia a sessão, deputado Sóstenes Cavalcante, também bolsonarista e líder da bancada evangélica, parece ter ficado surpreso também com o discurso do colega, mas evitou polemizar e disse que a pauta ainda não estava definida pela bancada feminina da Casa.
“Deputado Alberto Fraga, não consta ainda este item na pauta... A pauta da bancada feminina está sendo ajustada pela deputada Soraia, que ao longo desta sessão vai comunicar e nós vamos publicar... Então nós vamos seguir o nosso requerimento de urgência”, respondeu o presidente da sessão.
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