Com o futuro cada vez mais complicado diante do avanço das investigações que o colocam como mentor intelectual dos atos golpistas de 8 de Janeiro, Jair Bolsonaro (PL) deu uma desculpa esfarrapada e colocou em xeque a recuperação do vídeo golpista publicado em seu perfil no Facebook em 10 de janeiro, incitando novos protestos logo após a destruição das sedes do Supremo Tribunal Federal (STF), Congresso e Palácio do Planalto por seus apoiadores.
O vídeo foi apagado por Bolsonaro logo em seguida, mas na última semana a Procuradoria-Geral da República (PGR) anunciou que conseguiu recuperar as imagens, que foram entregues ao STF.
A publicação expõe uma fake news de um homem que se identifica como “Dr. Felipe Gimenez”, que seria um procurador. No vídeo, o homem faz uma série de acusações absurdas contra o sistema de urnas eletrônicas e diz frases diretas e inequívocas como “Lula não foi eleito pelo povo” e “ele foi escolhido e eleito pelo STF e TSE”. Para os investigadores, o vídeo pode servir de prova para que seja feito o pedido de prisão do ex-presidente ao final do inquérito.
Já a defesa de Bolsonaro entregou uma manifestação ao Supremo que, primeiramente, dá uma desculpa esfarrapada sobre a publicação do vídeo pelo ex-presidente.
Segundo os advogados, a publicação do vídeo golpistas foi "acidental" e como foi apagada "poucas horas depois" mostra que Bolsonaro “não pretendeu insuflar qualquer forma de subversão”.
Em relação à cópia do vídeo resgatada pela PGR, a defesa bolsonarista diz que "é preciso cautela", pois a “mera associação entre um vídeo apagado e um supostamente salvo não pode ser tomada como uma correspondência definitiva”.
"Afinal, estamos lidando com contextos e provedores diferentes. A noção de que o vídeo recuperado reflete fielmente o conteúdo do vídeo deletado é uma conjectura sensível, porém, longe de ser uma afirmação incontestável. Portanto, sustentar com absoluta certeza que o vídeo hospedado na plataforma Metamemo [de onde foi resgatado pela PGR] é o mesmo que aquele que foi deletado exige uma fundamentação técnica, meticulosa e detalhada, indo além da simples associação entre plataformas diferentes”, afirmaram os advogados Paulo Cunha Bueno, Daniel Tesser e Fábio Wajngarten, que assinam a manifestação.
“Dentro desse cenário, é essencial ressaltar que sequer o Peticionário [Jair Bolsonaro], conforme suas declarações anteriores, poderia atestar a fidedignidade do conteúdo do vídeo em comento, uma vez que não o assistiu, mas apenas o compartilhou — vale recordar: por engano — enquanto tentava enviá-lo para si mesmo pelo WhatsApp, com a intenção de assisti-lo posteriormente. Isso se confirma pela ausência de qualquer comentário associado ao compartilhamento feito pelo Peticionário, algo que usualmente acompanha suas postagens”, diz a representação.