CASSAÇÃO À VISTA

Michelle tem candidatura para vaga de Moro barrada de forma machista por Costa Neto: "ela não quer"

Em evento do PL Mulher em Curitiba, ex-primeira-dama se empolgou ao ser chamada de senadora e lançou a candidatura para disputar a vaga que deve ser aberta com a cassação de Sergio Moro.

Jair Bolsonaro, Valdemar da Costa Neto e Michelle Bolsonaro em evento do PL Mulher.Créditos: Beto Barata/ PL
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Dois dias após se lançar candidata ao Senado, na eventual vaga que será aberta com a provável cassação de Sergio Moro (União-PR), Michelle Bolsonaro (PL) teve o desejo barrado pelo presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, que de forma machista desautorizou a candidatura da esposa de Jair Bolsonaro (PL).

VÍDEO - Michelle "se lança" candidata ao Senado para a vaga de Moro: "Deus está me chamando"

"Haveria tempo para transferir, mas ela não quer", disse Costa Neto à coluna de Andreia Sadi, da Globo, sobre a possibilidade da ex-primeira-dama transferir o endereço eleitoral para o Paraná para entrar na disputa.

O presidente do PL, que juntamente com o PT move as ações que podem resultar na cassação de Moro, ressaltou ainda que o fim do mandato do ex-juiz e ex-ministro da Justiça de Bolsonaro é certo.

"Não desejo o mal para ele, mas não tem saída", afirmou.

Michele lançou sua candidatura durante evento do PL Mulher em Curitiba neste sábado (16), quando se empolgou ao ser chamada de "senadora".

“Creio que Deus está me chamando para algo novo no Brasil, e eu estou aqui”, disparou a esposa de Jair Bolsonaro, provocando gritos de "senadora" dos presentes. 

“Senadora de onde? Daqui? Deus vai dar sabedoria para vocês escolherem o melhor para o estado do Paraná. Uma pessoa que seja realmente elegante. Que possa ter elegância para trabalhar e para lutar por este estado tão maravilhoso", emendou Michelle. 

Moro poupa Michelle

Isolado diante das sinalizações de que teria votado a favor da indicação de Flávio Dino como o novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e cada vez mais perto da cassação, o senador Sergio Moro (UB-PR) dispara para todos os lados, mas tem procurado poupar críticas à família Bolsonaro. 

Ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, o parlamentar, desde o abraço caloroso em Flávio Dino e os sinais de que apoiou a indicação do comunista para a Corte, vem sendo tachado de traidor pelo ex-presidente, seus filhos e até mesmo Michelle Bolsonaro. 

Nesta quinta-feira (15), por exemplo, a ex-primeira-dama publicou uma sequência de stories no Instagram atacando Moro. Em um deles, publicou a foto em que Moro aparece abraçando Dino e a imagem que mostra a troca de mensagens com um assessor o orientando a não divulgar voto em favor do ministro. 

"Não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido", escreveu Michelle. 

Moro, por sua vez,  foi às redes na tentativa de rebater os ataques que está recebendo - sem negar que apoiou Dino - e culpou o governo Lula e o "PL do Paraná", deixando de mencionar qualquer crítica do clã Bolsonaro. 

"Não me surpreende o intenso ataque daqueles que almejam assumir a posição que conquistei de maneira legítima nas urnas, com o respaldo do povo paranaense. Aos meus eleitores e apoiadores, esclareço: não divulgar o voto na indicação de autoridades é uma prerrogativa do parlamentar. O vigoroso embate que tenho enfrentado do atual governo Lula, de parte do próprio PL paranaense, aliado às ameaças do PCC, me levam a agir, neste momento, com prudência e no pleno exercício de uma prerrogativa que possuo, tudo isso visando preservar minha independência", escreveu o ex-juiz. 

Cabe lembrar que a crítica de Michelle Bolsonaro a Moro vem justamente no momento em que o ex-juiz corre o risco de ser cassado e com o nome da ex-primeira-dama entre os cotados para concorrer à vaga do ex-juiz no Senado através da eleição suplementar que será convocada caso o senador, de fato, perca o mandato. 

MPE do Paraná pede cassação de Moro

A Procuradoria Regional Eleitoral do Paraná emitiu nesta quinta-feira (14) parecer favorável à cassação da chapa e a decretação de inelegibilidade de Sergio Moro e Luís Felipe Cunha.

De acordo com o parecer, a “responsabilidade pessoal dos Srs. Sergio Fernando Moro e Luís Felipe Cunha encontra-se solidamente comprovada através da participação direta de ambos nas viagens, eventos e demais atos de pré-campanha, frisando-se que, ainda que apenas o primeiro investigado tenha figurado em destaque e apresentando-se ao público como pré-candidato, o segundo investigado o acompanhou por toda trajetória política, inclusive na condição de advogado”.

A conclusão da procuradoria é a seguinte: “Diante de todo o expendido neste parecer, somente baseado no que consta dos autos, a Procuradoria Regional Eleitoral no Paraná manifesta-se pelo julgamento de procedência parcial dos pedidos formulados nas Ações de Investigação Judicial Eleitoral nº 0604176-51.2022.6.16.0000 e 0604298-64.2022.6.16.0000, a fim de que se reconheça a prática de abuso do poder econômico, com a consequente cassação da chapa eleita para o cargo majoritário de Senador da República e decretação da inelegibilidade dos Sergio Fernando Moro e Luís Felipe Cunha”.