Michelle Bolsonaro já não esconde mais seu desejo de se tornar senadora pelo estado do Paraná diante da iminência de cassação do ex-juiz Sergio Moro (UB-PR).
Durante evento do PL Mulher em Curitiba neste sábado (16), a ex-primeira-dama se empolgou ao ser chamada de "senadora" pela plateia e praticamente lançou a candidatura.
“Creio que Deus está me chamando para algo novo no Brasil, e eu estou aqui”, disparou a esposa de Jair Bolsonaro, provocando gritos de "senadora" dos presentes.
“Senadora de onde? Daqui? Deus vai dar sabedoria para vocês escolherem o melhor para o estado do Paraná. Uma pessoa que seja realmente elegante. Que possa ter elegância para trabalhar e para lutar por este estado tão maravilhoso", emendou Michelle.
Veja vídeo:
Apesar de não possuir domicílio eleitoral no Paraná, o nome de Michelle Bolsonaro é cotado no PL para uma eventual candidatura ao Senado pelo estado e já aparece, inclusive, em pesquisas de intenção de voto.
Moro poupa Michelle
Isolado diante das sinalizações de que teria votado a favor da indicação de Flávio Dino como o novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e cada vez mais perto da cassação, o senador Sergio Moro (UB-PR) dispara para todos os lados, mas tem procurado poupar críticas à família Bolsonaro.
Ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, o parlamentar, desde o abraço caloroso em Flávio Dino e os sinais de que apoiou a indicação do comunista para a Corte, vem sendo tachado de traidor pelo ex-presidente, seus filhos e até mesmo Michelle Bolsonaro.
Nesta quinta-feira (15), por exemplo, a ex-primeira-dama publicou uma sequência de stories no Instagram atacando Moro. Em um deles, publicou a foto em que Moro aparece abraçando Dino e a imagem que mostra a troca de mensagens com um assessor o orientando a não divulgar voto em favor do ministro.
"Não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido", escreveu Michelle.
Moro, por sua vez, foi às redes na tentativa de rebater os ataques que está recebendo - sem negar que apoiou Dino - e culpou o governo Lula e o "PL do Paraná", deixando de mencionar qualquer crítica do clã Bolsonaro.
"Não me surpreende o intenso ataque daqueles que almejam assumir a posição que conquistei de maneira legítima nas urnas, com o respaldo do povo paranaense. Aos meus eleitores e apoiadores, esclareço: não divulgar o voto na indicação de autoridades é uma prerrogativa do parlamentar. O vigoroso embate que tenho enfrentado do atual governo Lula, de parte do próprio PL paranaense, aliado às ameaças do PCC, me levam a agir, neste momento, com prudência e no pleno exercício de uma prerrogativa que possuo, tudo isso visando preservar minha independência", escreveu o ex-juiz.
Cabe lembrar que a crítica de Michelle Bolsonaro a Moro vem justamente no momento em que o ex-juiz corre o risco de ser cassado e com o nome da ex-primeira-dama entre os cotados para concorrer à vaga do ex-juiz no Senado através da eleição suplementar que será convocada caso o senador, de fato, perca o mandato.
MPE do Paraná pede cassação de Moro
A Procuradoria Regional Eleitoral do Paraná emitiu nesta quinta-feira (14) parecer favorável à cassação da chapa e a decretação de inelegibilidade de Sergio Moro e Luís Felipe Cunha.
De acordo com o parecer, a “responsabilidade pessoal dos Srs. Sergio Fernando Moro e Luís Felipe Cunha encontra-se solidamente comprovada através da participação direta de ambos nas viagens, eventos e demais atos de pré-campanha, frisando-se que, ainda que apenas o primeiro investigado tenha figurado em destaque e apresentando-se ao público como pré-candidato, o segundo investigado o acompanhou por toda trajetória política, inclusive na condição de advogado”.
A conclusão da procuradoria é a seguinte:
“Diante de todo o expendido neste parecer, somente baseado no que consta dos autos, a Procuradoria Regional Eleitoral no Paraná manifesta-se pelo julgamento de procedência parcial dos pedidos formulados nas Ações de Investigação Judicial Eleitoral nº 0604176-51.2022.6.16.0000 e 0604298-64.2022.6.16.0000, a fim de que se reconheça a prática de abuso do poder econômico, com a consequente cassação da chapa eleita para o cargo majoritário de Senador da República e decretação da inelegibilidade dos Sergio Fernando Moro e Luís Felipe Cunha”.