Após uma celeuma que se arrastou por meses, finalmente a Procuradoria-Geral da República informou que conseguiu recuperar o vídeo golpista postado no Facebook pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que pode servir de prova para colocá-lo na cadeia, já que o arquivo envolver o extremista diretamente nos atos ocorridos no 8 de janeiro. As imagens foram publicadas por Bolsonaro dois dias depois da tentativa de golpe, no dia 10, mas apagado em seguida. A Meta, dona da plataforma, estava sendo cobrada pelas autoridades para apresentar os arquivos, mas seguiu afirmando que já não tinha mais o conteúdo.
No vídeo, um homem que se identifica como “Dr. Felipe Gimenez”, que seria um procurador, faz uma série de acusações absurdas contra o sistema de urnas eletrônicas e diz frases diretas e inequívocas como “Lula não foi eleito pelo povo” e “ele foi escolhido e eleito pelo STF e TSE”. Para os investigadores, a atitude do ex-presidente, 48 horas após seus celerados seguidores terem invadido e depredado Brasília, seria um ato claro de instigação de um golpe por parte do líder da extrema direita brasileira.
A recuperação da postagem original de Bolsonaro era vista como uma exigência por parte da PGR para incluir Bolsonaro no inquérito dos atos golpistas como mentor intelectual da intentona. Agora, o STF analisará o material e, no caso de os procuradores oferecerem uma denúncia contra o antigo mandatário, caberá ao tribunal julgar sua participação no episódio.
“A recuperação do vídeo permitirá a continuidade da persecução penal contra o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, bem como permitirá apurar a responsabilidade da empresa Meta em relação à não preservação do conteúdo”, disse um comunicado da PGR sobre o caso.
O próprio Bolsonaro já havia sido inquerido pela Polícia Federal sobre a postagem. Ele não negou em momento algum ter colocado o conteúdo em seu perfil, mas depois alegou que o fez por engano e que “estava sob efeito de remédios”.